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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Marina Silva: Futuro ainda comprometido .







Números do Ipea e do IBGE, divulgados recentemente, mostram que o país não avançou no combate ao analfabetismo. Pelo contrário. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008 mostram que são mais de 14 milhões de analfabetos, 10% da população, com uma redução de apenas 7,2 pontos percentuais em comparação a 1992.

Tão grave quanto este dado é o número de analfabetos funcionais. Correspondem a 21% da população, ou 30 millhões de pessoas. Somando-se os dois grupos, chega-se a quase 1/4 da população sem condições de ler ou compreender este texto. Trata-se de uma exclusão perversa e profunda.

Isso compromete o futuro do Brasil dada a baixa qualificação da mão-de-obra e os limites claros que impõe ao pleno usufruto da cidadania, como sei de experiência própria. Se o país não investe pesadamente em educação -e não apenas com recursos financeiros, mas com prioridade estratégica- falta algo fundamental a qualquer pretensão de se projetar no cenário internacional.

O Brasil pode se tornar a quinta economia do mundo até 2016, sem que tal conquista necessariamente se reverta em mais qualidade de vida para os excluídos. No Nordeste, houve uma redução de 13% do número de pobres nos últimos dez anos, mostram os dados do IBGE.

O analfabetismo, contudo, permanece alto e isso deveria acender um enorme sinal de alerta. A educação é o único instrumento capaz de dar autonomia às pessoas para transformar suas próprias realidades. Uma população mais escolarizada, em geral, sofre menos com violência, tem mais acesso à saúde preventiva, ganha salários maiores.

Investir em infraestrutura é necessário. O melhor investimento que se pode fazer, porém, está na própria população. Os desafios educacionais são gigantescos. E não se pode enfrentá-los sem um esforço igualmente gigantesco, histórico, que ultrapasse as barreiras burocráticas de uma política setorial e se entranhe em todos os níveis e áreas de governo e da sociedade. Dedicar a este esforço as verbas publicitárias públicas, para campanhas motivadoras e mobilizadoras, já seria um bom começo.

É preciso sair urgentemente do apego a estatísticas. Não basta alinhavar números de crianças na escola se, ao final do processo, elas se sentem humilhadas pelo analfabetismo funcional. Quanto mais tempo nos conformarmos com essa situação, mais longe estaremos do Brasil que nossa população merece e do crescimento com qualidade que queremos e podemos ter.

* Marina Silva é Pedagoga, Senadora (PV-AC) e ex-Ministra do meio ambiente.

Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo de 19-10-09

Fonte: Envolverde

 Bravo Marina!!!
 Só quem trabalha na educação sabe o qto isso é real!!!
Érica Sena

3 comentários:

  1. Essa mulher promete, heim... Vamos torcer para que tudo dê certo!

    Erica, tem um prêmio pra vc no meu blog, depois acessa lá para ver, espero que goste!
    bjs, cintia

    http://preservblog.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. Os números são tão demolidores!!!
    Se pararmos para pensar neles... então mais vale desligar as máquinas e poupar energia pois assim estamos nós, que temos consciência dos problemas, certamente a contribuir para uma boa causa...
    De resto é meu pensar que este é um dos principais problemas que se enfrenta quando se fala em protecção do meio que nos rodeia.
    Pois é mais que certo, e até lógico, que estes seres que não sabem ler, escrever e funcionar dentro desta sociedade por nós criada, se estejam a marimbar para este assunto... E como fruto dessa condição vêm as outras condições, pobreza, doença, fome, exploração... será de todo impossível pensarmos sequer que algum dia se lá chegará! São números tão demolidores...

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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco

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