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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Matéria da Revista Época desta semana sobre Copenhague

Falta mais ambição em Copenhague
As propostas antecipadas pelos principais países para a conferência do clima são boas. Mas não bastam para evitar um aquecimento catastrófico



Christian Aslund
PRESSÃO
Ativistas espalharam cartazes com fotos de chefes de estado no futuro. Eles têm uma década para evitar o pior do clima
O destino da conferência do clima das Nações Unidas, que começa nesta semana em Copenhague, na Dinamarca, foi previsto várias vezes nos últimos dias. Primeiro, seria a última chance para salvar o planeta dos piores efeitos das mudanças climáticas. Depois, estava fadada ao fracasso, por falta de compromissos dos grandes países poluidores, como Estados Unidos e China. Recentemente, o exercício de previsão ficou mais confuso, na medida em que os países começaram a anunciar algumas metas para a redução nas emissões poluentes, responsáveis pelo aquecimento global. O desafio para a humanidade parece claro. Para tentar evitar as piores consequências do aquecimento, um acordo será negociado entre os dias 7 e 18 de dezembro. Mesmo que o evento não produza um tratado acabado, deverá lançar bases políticas para sua construção ao longo de 2010. Mas esse acordo terá a ambição necessária para iniciar uma revolução verde e evitar a tragédia climática?
Os líderes políticos têm mostrado aparentes sinais de boa vontade. Em 26 de novembro, o presidente Barack Obama anunciou que até 2020 os Estados Unidos cortariam 17% de suas emissões em relação aos níveis de 2005. E reduziriam mais 83% até 2050. No dia seguinte, a China declarou que, no mesmo período, cortará entre 40% e 45% da emissão de carbono relativa (por iuane produzido no país). Na semana passada, fontes do governo indiano informaram que o país poderá reduzir o gasto de carbono para produzir riqueza em 24%. A União Europeia já avisou que poderá cortar 20% das emissões e chegar a 30% se os outros países desenvolvidos forem junto. Em Copenhague, os negociadores tentarão transformar essa salada desconexa de números em um compromisso que faça sentido.
O problema é que, além de chegar a um número que agrade a todos, Copenhague precisa envolver metas de redução que tenham impacto na atmosfera. A convite da revista britânica New Scientist, um grupo de climatologistas analisou as propostas dos países e concluiu que, se levadas a termo, ainda assim permitiriam que a temperatura da Terra subisse mais que 3 graus célsius. Isso é muito. Segundo os principais centros de pesquisa, se a temperatura da Terra aumentar mais de 2 graus, o clima poderá entrar em convulsão, com inundações, fome e prejuízos inéditos na história da civilização. “Meu maior temor é termos um acordo fraco”, diz Rajendra Pachauri, coordenador do IPCC, painel de cientistas da ONU.
Para o economista britânico Nicholas Stern, do instituto London School of Economics, falta pouco para as promessas chegarem aos números necessários. Segundo ele, os líderes mundiais já adiantaram mais da metade do caminho (pelo menos nas palavras). Seu estudo mais recente afirma que as emissões globais estão em 47 bilhões de toneladas por ano. Chegarão a 58 bilhões em 2020, se nada for feito. Para manter o aquecimento abaixo dos 2 graus, as emissões devem ficar abaixo de 44 bilhões de toneladas. “Existe um longo caminho, mas é possível chegar lá”, diz Stern.
A conta de quanto a atmosfera aguenta já foi feita. Segundo modelos da consultoria PriceWaterhouseCoopers, os países só poderão emitir mais 1,3 trilhão de toneladas de carbono entre 2000 e 2050. No ritmo atual de crescimento de emissões, o mundo terá atingido o limite em 2034. Agora, os países precisam investir para reduzir 3,5% de suas emissões todo ano até 2020 para voltar a níveis seguros. É mais do que conseguiu o Reino Unido ao trocar as usinas a carvão mineral por gás natural, na década de 80. Pelos cálculos da Price, as 20 maiores economias do mundo, o G20, precisarão cortar as emissões em 35% até 2020 e 85% até 2050. A maior parte da tarefa está nas mãos da China, dos Estados Unidos, da Europa e da Índia, que, juntos, responderão por 63% de tudo o que for emitido até meados do século. Segundo a Agência Internacional de Energia, para limpar a economia do mundo na próxima década, será preciso instalar 18 mil turbinas eólicas, 20 usinas nucleares, 300 campos de placas solares e 50 hidrelétricas. Todo ano. Um investimento de US$ 715 bilhões.
A conta assusta. Mas os custos podem ser diluídos. Segundo um estudo da consultoria Cambridge Econometrics, do Reino Unido, se o país cortar 80% de suas emissões até 2050, o impacto nos preços será suave. O maior aumento ocorreria na conta de luz, que subiria 15% acima do normal. Mas a energia corresponde a cerca de 2% dos custos de produção de itens como alimentos, bebidas ou roupas. Os preços ganhariam centavos. A exceção é o bilhete aéreo. A não ser que as companhias encontrem um substituto para o combustível fóssil nos aviões, o preço de cada viagem subiria 140%.
Diluídos ou não, os custos altos hoje são um argumento para retardar qualquer plano para reduzir as emissões. Mesmo que os países assumam compromissos nominais, a ação só ocorrerá se houver acordo interno. E aí começam as dificuldades, como se viu na semana passada na Austrália. O país tem a maior taxa mundial de emissão per capita. Também enfrenta as piores consequências já atribuídas às mudanças climáticas. Nos últimos cinco anos, uma seca sem precedentes atingiu as bacias dos rios Murray e Darling, que irrigam 40% da produção agrícola do país. Várias cidades racionam água e fazendeiros saíram do negócio. Mesmo assim, o Parlamento rejeitou uma proposta do governo para limitar as emissões.
Com tanto em jogo, a pressão em Copenhague também será sem precedentes. Para dar o tom, o Greenpeace e a campanha TicTacTicTac colocaram no aeroporto cartazes que mostram governantes envelhecidos, em 2020, dizendo: “Desculpe. Poderíamos ter impedido mudanças climáticas catastróficas… mas não o fizemos”. O encontro terá 15 mil delegados, fora jornalistas e militantes. Centenas de ONGs ambientais e grupos empresariais promovem eventos paralelos, com apresentação de estudos propondo saídas. A própria organização dinamarquesa do evento tentará dar o exemplo. As emissões da conferência, inclusive as das viagens de avião, serão compensadas com um projeto de US$ 1 milhão para modernizar 20 fábricas de tijolo em Daka, capital de Bangladesh. Os ônibus de Copenhague são elétricos. Já as limusines à prova de balas, que levarão as autoridades, queimarão apenas etanol. Dentro da área da conferência, só será servida água da torneira. E a comida nos restaurantes e nas lanchonetes terá de ser pelo menos 65% orgânica. Essas iniciativas não vão resolver os problemas do mundo. Mas podem servir de inspiração para os negociadores.
Os desafios dos principais países
Um estudo da PriceWaterhouseCoopers avaliou o que é preciso para evitar um catastrófico aquecimento acima de 2 graus até 2050

 Reprodução
(1) Poder de compra é um indicador desenvolvido por entidades como o Banco Mundial para comparar o acesso a bens e serviços considerando seus custos em cada país
Fonte: PriceWaterhouseCoopers

Fonte: Época, ALEXANDRE MANSUR

Um comentário:

  1. Olha só:
    Resultados 1 - 10 de aproximadamente 2.320.000 para cop15
    Oi querida, num é por falta de mídia que a gente vai deixar de salvar a espécie.
    Boa sorte.

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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco

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