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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Segundo AL GORE: “O papel de Lula é fundamental”!! ( Revista Época)


Para o ex-vice-presidente americano, as metas voluntárias do Brasil estimularam outros países

O ex-vice-presidente americano Al Gore não acredita que Copenhague produza um tratado definitivo para o clima. Nem acha que as metas propostas pelos países bastam para evitar a catástrofe. Mas se diz otimista. Afirma que os objetivos ficarão mais ambiciosos ano após ano. E considera que o presidente Lula teve papel fundamental para incentivar outros países emergentes a propor planos voluntários de reduções nas emissões de poluentes.

 
 Entrevista - Al Gore
 
 Patrick Swirc   O QUE FAZ
É o mais famoso ativista ambiental. Dirige o canal a cabo Current TV e está nos conselhos do Google e da Apple

O QUE FEZ
Foi vice-presidente dos EUA entre 1993 e 2001, no governo Bill Clinton

FILMES E LIVROS
Suas palestras sobre mudanças climáticas viraram o filme Uma verdade inconveniente, em 2006, que ganhou o Oscar de documentário. Seu livro mais recente, Nossa escolha (Editora Amarylis), chega às livrarias neste mês

ÉPOCA – O que esperar da conferência em Copenhague?
Al Gore – Espero que eles cheguem a um acordo operacional sobre as reduções nas emissões responsáveis pelo aquecimento. E que sejam diretrizes para que os negociadores formalizem um tratado final no início do ano que vem. O tempo é curto demais para um acordo agora. Mas, como se diz nos Estados Unidos, você precisa aprender a andar antes de começar a correr.
ÉPOCA – Podemos esperar algum tratado global sem um acordo prévio no Senado americano?
Gore – Provavelmente não, porque os EUA são a maior economia do mundo. E, com a China, o maior poluidor. Mas a boa notícia é que a nova legislação para reduzir as emissões já passou na Câmara e em dois comitês do Senado. Ontem (dia 2) , soube que há votos suficientes para aprovar o projeto no ano que vem. E o governo Obama anunciou uma regulamentação que estabelece reduções nas emissões caso o projeto de lei não passe. Isso pressiona os senadores a votar a favor.
ÉPOCA – O que pode acontecer se as negociações não levarem a um tratado abrangente, nem agora nem em 2010?
Gore – Quanto mais esperarmos, mais difícil será estabilizarmos as mudanças climáticas para evitar grandes prejuízos para a civilização. Mas as mudanças políticas às vezes começam devagar e depois vão ganhando velocidade. Estou confiante em que estamos nos aproximando do ponto a partir do qual as decisões acontecerão mais rapidamente.
ÉPOCA – O presidente Obama disse que os Estados Unidos vão cortar as emissões em 17% do que estavam em 2005 até o ano 2020. Isso é menos do que o previsto em Kyoto, em 1997. Não é pouco?
Gore – As metas hoje discutidas por todas as nações estão mais baixas do que deveriam. No caso americano também. Mas o processo de mudança, uma vez começado, não para. A tendência é que os compromissos fiquem mais ambiciosos ano após ano. O importante é estabelecer um preço para o carbono, criar condições para reduzir as emissões na agricultura e financiar o trabalho de adaptação ao clima dos países mais pobres. Quando isso for feito, ficará mais fácil elevar as metas mais tarde.
ÉPOCA – Como o senhor pode propor metas ambiciosas para os EUA se elas significarem menos crescimento e empregos?
Gore – Existe um consenso crescente de que a transição para uma economia mais limpa é a melhor forma de aumentar a geração de empregos. Não podemos continuar dependentes de fornecedores de petróleo que já causaram várias crises. Apesar do pré-sal brasileiro, o ritmo de descoberta de novos campos vem diminuindo, e a demanda cresce. Quanto mais dependermos de combustíveis fósseis, mais seu preço sobe. Mas, quanto mais dependermos de energias renováveis, mais seu preço cai.
ÉPOCA – Se os EUA querem cortar emissões, por que não comprar etanol do Brasil?
Gore – Acho que deveríamos fazer isso. Somos protecionistas demais.
“As metas hoje discutidas por todas as nações estão mais baixas
do que deveriam. Mas o processo de mudança, uma
vez iniciado, não para”

ÉPOCA
– O que o senhor espera do Brasil em Copenhague?
Gore – O presidente Lula já anunciou o objetivo de reduzir o desmatamento na Amazônia. Fazendo isso, ele teve um papel fundamental para estimular outras economias emergentes a adotar medidas contra as emissões. Há progressos na China. Alguns avanços na Índia. Também vemos bons sinais no México. A contribuição de Lula foi muito positiva. Seu chamado para outros líderes irem a Copenhague também foi importante.
ÉPOCA – É justo que os países desenvolvidos comprem créditos por reduções no desmatamento na Amazônia? Eles não deveriam reduzir suas próprias emissões?
Gore – Precisamos fazer ambos. Cerca de 20% das emissões responsáveis pelas mudanças climáticas vêm do desmatamento. Tirar esses gases da atmosfera precisa fazer parte de qualquer plano global. Mas, se você descontar isso e pensar apenas no interesse do Brasil, a revolução de biotecnologia, que acontecerá ao longo do século XXI, tornará a riqueza genética da Amazônia bem mais valiosa. Os cientistas não têm conseguido reproduzir a complexidade molecular que a natureza desenvolveu em milhões de anos. Derrubar as árvores pelo valor da madeira é como vender chips de computador pelo preço do silício.
ÉPOCA – Contribuições voluntárias de países emergentes, como o Brasil, serão suficientes?
Gore – Não. Mas, considerando a realidade política, temos de aceitar o que conseguimos e tentar avançar a partir daí. Já será bom se os países aceitarem reduções no desmatamento e nas emissões da agricultura. Mas compromissos com mais energia renovável do mundo em desenvolvimento podem ajudar os países ricos a completar sua transição para uma economia mais limpa.
ÉPOCA – E se as empresas americanas, diante do limite de emissões, decidirem transferir operações para países como o Brasil, onde a energia limpa é mais barata?
Gore – O movimento de indústrias manufatureiras para esses países já começou há muito tempo. Mas muitos empregos, que não podem ser terceirizados, surgirão em nossa transição para uma maior eficiência energética.
ÉPOCA – O senhor apoiaria barreiras comerciais para reduzir as vantagens de países com menos limites de emissões do que os Estados Unidos?
Gore – Em um mundo ideal, não deveria haver barreiras. Mas, se elas tiverem de ser aplicadas, é importante que respeitem as regras da Organização Mundial do Comércio, que admite compensação por dumping ou por violações de padrões de práticas ambientais. Essas barreiras não são desejáveis, mas representam um estímulo para o mundo chegar a uma economia de baixas emissões.
ÉPOCA – Por que o senhor é tão otimista?
Gore – Não aceito que nós, como seres humanos, não sejamos capazes de lidar com nossas obrigações com as próximas gerações. Não acredito que vamos aceitar reduzir a expectativa de vida de nossos filhos. Os objetivos estão bem claros, e a natureza já nos forneceu bastantes sinais de alerta. Agora é hora de fazer essa escolha.
ÉPOCA – O senhor já ganhou o Oscar e o Prêmio Nobel, mas continua trabalhando em ritmo incessante. Qual reconhecimento ainda lhe falta?
Gore – Não desejo nenhum. Não é para mim. Estou trabalhando para garantir o futuro da civilização. Pode soar como uma missão pretensiosa. Mas temos escolha. Há momentos em que não basta fazer o que podemos. Precisamos fazer o que é necessário. 

Fonte: Alexandre Mansur, Rev Época

2 comentários:

  1. Olá!
    Quem diria, o Brasil através de seu presidente inspirando outros países nas questões ambientais.
    Muito bom o artigo, direcionei um link para o seu post no meu blog. Espero que não se importe.

    Abraços.

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Érica Sena
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