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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um novo conceito para a construção civil

Segundo pesquisa do World Business Council for Sustainable Development  (WBCSD), o impacto dos prédios e edifícios no meio ambiente tende a crescer. Com o agravamento do aquecimento global, recursos como, por exemplo, o ar condicionado serão mais utilizados. 

 ”É essencial agir agora, porque os prédios podem dar uma grande contribuição na questão das mudanças climáticas e uso de energia”, diz o documento.

De acordo com outras conclusões, do mesmo WBCSD, embora seja 5% mais caro em números totais a construção de um empreendimento “verde” - esse tipo de edifício proporciona uma economia considerável de recursos  - em geral de 30%.
Paira uma dúvida: se os motivos ambientais e econômicos são fortes o suficientes, por que o setor da construção civil ainda enfrenta dificuldades para ampliar sua atuação “verde”?
Para entender um pouco mais sobre o assunto o Mercado Ético conversou com Newton Figueiredo, Fundador e Presidente do Grupo SustentaX, uma das líderanças do mercado de construções chamadas ”construções verdes”. A SustentaX - Engenharia de Sustentabilidade, uma das empresa do Grupo e que se dedica a projetos de sustentabilidade de empreendimentos e foi a responsável pelo primeiro certificado internacional de um Green Building na América do Sul, em 2007.

Confira.

Mercado Ético - O que é necessário para que um empreendimento consiga ser certificado?

Newton Figueiredo - Para um empreendimento ser certificado com o Selo LEED (Leadership in Energy Environmental Design) que é o critério mais utilizado mundialmente e emitido pelo USGB - United State Green Building Consil, são necessários o cumprimento de 6 pré-requisitos obrigatórios e mais cerca de 70 itens nos quesitos de eficiência energética, uso racional da água, espaço sustentável, qualidade ambiental interna e materiais sustentáveis.
Os itens são variáveis de acordo com o tipo de empreendimento e a certificação requerida, como por exemplo para Novas Construções (NC), Interiores Comerciais (CI), Core & Shell (CS) entre outros.

Mercado Ético - Existe certificação para reformas ou readequação de espaços?

Newton Figueiredo -Sim, o USGB desenvolveu critérios para retrofit, que ainda estão em fase piloto (de estudo e implantação).

Mercado Ético - Engenheiros e arquitetos estão preparados para absorver a demanda crescente do setor da construção civil verde?

Newton Figueiredo - Ainda há um longo caminho de muito aprendizado. A sustentabilidade em empreendimentos quebra vários paradigmas atuais. Por isso, estamos envolvidos também com o Grupo Casa Cor, com o intuito de disseminar as práticas não apenas a engenheiros e arquitetos, mas também aos demais profissionais que atuam neste segmento, como paisagistas, decoradores, designers. A sustentabilidade é um movimento que traz mudanças em toda a cadeia de produção, como fabricantes, fornecedores, projetistas etc.
Sabemos que a sustentabilidade é ainda confundida com rusticidade, ecologia e primitivismo por muitos profissionais.
Quanto mais rápido, todos compreenderem os princípios da construção sustentável, mas oportunidades surgirão para todos.
Os investidores e consumidores já compreenderam este caminho, agora, é hora dos profissionais e empresas do setor a mostrarem seus diferenciais em prol do desenvolvimento sustentável.

Mercado Ético - Quais as dicas para que a obra seja executada com máxima eficiência e de bem com o meio ambiente?

Newton Figueiredo - Seguir parâmetros e critérios mundiais e estar sempre atento às etapas construtivas.
  • Gastar mais tempo planejando para se evitar baixa produtividade na construção e na operação dos edifícios;
  • Integrar, desde o início todos os profissionais para que encontrem a concepção que levará ao melhor projeto com maiores benefícios para seus desenvolvedores e menores impactos sociais e ambientais
  • Treinar o pessoal de obra, de suprimentos e de qualidade para entenderem o conceito e aumentar a produtividade; • Estar atento à seleção de materiais que não comprometam a sustentabilidade da obra
  • Buscar sempre aumento da produtividade, redução de custos, ambientes saudáveis, minimizar desperdícios e impactar menos a cidade e a vizinhança.
Mercado Ético - Em relação aos produtos certificados pela Sustentax: como surgiu a ideia?

Newton Figueiredo - Durante o processo para da 1ª certificação LEED na América do Sul, a Agência do Banco Real da Granja Viana, em Cotia/SP, detectou-se a necessidade de materiais com comprovações de sustentabilidade e qualidade para serem utilizados nesses tipos de construções. Dessa forma, a SustentaX desenvolveu o Selo SustentaX para identificar e atestar ao mercado consumidor produtos e serviços sustentáveis.
Da identificação da necessidade até a entrega dos primeiros produtos atestados foram praticamente dois anos de pesquisas e melhorias.
No site www.SeloSustentaX.com.br estão disponíveis as informações de todos os produtos atestados até o momento, como adesivos, metais sanitários, persianas, pisos, tecidos e tintas.
Para receber o selo os produtos e serviços são avaliados segundo os critérios: - a conformidade com critérios de salubridade e de proteção à saúde das pessoas;- a conformidade com critérios de qualidade específicos;- o comprometimento com a responsabilidade social do fabricante e sua cadeia;- o comprometimento com a responsabilidade ambiental do produto, do fabricante e de sua cadeia; - o comprometimento com a disseminação de práticas que geram economia, evitam desperdícios e aumentam a produtividade, e - o comprometimento com a comunicação ética com o consumidor.

Mercado Ético - O que dizem os engenheiros e arquitetos sobre os materiais certificados?

Newton Figueiredo - O Selo SustentaX colabora na melhor identificação de produtos e soluções sustentáveis. Os profissionais que já atuam com a certificação sabem o longo processo que é identificar produtos que atendem às exigências em relação a materiais como conteúdo reciclado, regionalidade, baixos índices de emissão de compostos orgânicos voláteis, eficiência energética, conforto térmico, vazão de água dos metais e louças sanitárias, entre outros.
O Selo além de informar todos os atributos de sustentabilidade dos produtos, assinala os créditos das certificação LEED e AQUA atendidos, atesta ainda a qualidade, a salubridade, responsabilidades social e ambiental, além da comunicação, isto é se é feita de maneira clara, sem utilizar maquiagem verde e que traga dados para manuseio e descarte correto.

Mercado Ético - Há aumento da procura?

Newton Figueiredo - Sim, cada vez mais, as empresas, movidas pela cobrança dos clientes a respeito da sustentabilidade comprovada de seus produtos, estão em busca de alternativas mais sustentáveis tanto de produtos e serviços.
A SustentaX acredita que uma empresa só é sustentável se oferecer também produtos sustentáveis. E a identificação por meio de selos, como o Procel (eficiência energética), o FSC (para madeira e papel) e o Selo SustentaX (de produtos e serviços sustentáveis) é fundamental aos consumidores, que estão cada dia mais preocupados com o aquecimento global e com iniciativa de comprar (mesmo que mais caros) produtos de empresas com responsabilidade socioambiental.

Mercado Ético - Quais produtos têm a maior demanda?

Newton Figueiredo -No início, quase 100% dos primeiros produtos atestados eram da área da construção civil. Isto se explica pelo setor ser o responsável por cerca de 30% das emissões de gases de efeito estufa e por existirem critérios mundiais para as construções sustentáveis.

Mercado Ético - Existem sugestões ou pedidos de outros itens a serem certificados?

Newton Figueiredo - Sim, avaliamos outros tipos de produtos, por exemplo, já existem em análise itens de mobiliário e decoração.

Mercado Ético - Quais as previsões da Sustentax para o setor da construção civil sustentável?

Newton Figueiredo - São muito positivas. De acordo com o levantamento 2009 Green Brands Global Survey, 73% dos brasileiros planejam aumentar seus gastos com produtos e serviços verdes e 28% deles (e apenas 8% dos britânicos) estão dispostos a gastar até 30% a mais em produtos e serviços verdes. Outra pesquisa identificou que 48% estariam dispostos a gastar 10% a mais para comprar produtos verdes.
Todas as pesquisas, ao final, indicam que os consumidores estão ávidos pelo tema e manifestam grande interesse de compra por produtos que contribuam para seus bolsos e para um mundo melhor.
Uma maneira de as empresas começarem um processo de inovação via sustentabilidade é por meio da busca pela certificação de seus produtos e serviços. Os chamados selos verdes normalmente estabelecem exigências que promovem a diferenciação e a fácil identificação por parte dos consumidores.
Em meio a tantas informações e, muitas vezes, desinformação movida pela maquiagem verde, os selos e atestados são a garantia de que o produto passou por avaliações e está em conformidade com critérios e normas nacionais e internacionais. Contudo, deve-se estar alerta para os “pseudos” selos, sem consistência, apenas informativos e classificatórios que não avaliam as condições de salubridade, qualidade e desempenho e responsabilidade social e ambiental, entre outros itens.
Pesquisa da Accenture, Mudanças Climáticas para os Consumidores Finais, também aponta a preferência do consumidor por produtos e serviços sustentáveis, revelando que 98% dos brasileiros alegam que trocariam de fornecedor se um produto fosse certificado, com o objetivo de impactar menos as mudanças climáticas, ante 90% no mundo.

Mercado Ético - Existe algum ponto que “trava” o setor das construções verdes? Qual seria o problema identificado e quais as soluções para que o cenário prospere ainda mais?

Newton Figueiredo - Nem todas as empresas conseguiram ainda compreender que ser genuinamente sustentável é ser mais eficiente, mais competitiva, ter a preferência de consumidores e investidores e, por tanto, mais rentável. O que muitas fazem ainda é se auto-declararem sustentáveis, verdes, sem de fato, o serem. Há ainda muita maquiagem verde, em todos os setores e não apenas no setor da construção.

Mercado Ético - Quantos prédios verdes a Sustentax já concluiu?

Newton Figueiredo - A SustentaX já desenvolveu projetos de sustentabilidade para Banco Real (Agência Granja Viana), o 1º empreendimento certificado com o LEED na América do Sul; Rochavera Corporate Towers, que recebeu o Prêmio Gran Prix d’ Excellence pela FIABCI Internacional, em maio de 2008, como o projeto mais sustentável do mundo; Centro de Distribuição Bomi (em Itapevi/SP), Loja do Pão de Açúcar em indaiatuba, estes já certificados. Além do projeto para o escritório da Braskem, que acabou de receber o Selo LEED para interiores comerciais (CI).
Há ainda uma série de projetos em andamento e em processo de certificação, como o Tribunal de Justiça em Brasília, Rede Record no Rio de Janeiro, Hospital Unimed também no Rio de Janeiro, escritórios da Unilever e do Green Building Counsil Brasil, entre outros.( Leticia Freire, do Mercado Ético)

Fonte:Mercado Ético, Sustentax

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Érica Sena
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