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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Mão do lixo -Tiago de Mello

A mão que eu cato o lixoNão e a mão com que eu devia ter.
Não tenho para ganhar
Na mesa da minha casa
O pão bom de cada dia.
Como não tenho, aqui estou.
Catando lixo dos outros,
O resto que vira lixo.
Não faz mal se ficou sujo,
Se os urubus beliscaram,
Se ratos roeram pedaços,
Mesmo estragado me serve,
Porque fome não tem luxo.
A mão com que cato o lixo
Não e a que eu devia ter.
Mas a mão que a gente tem
E feita pela nação.
Quando como coisa podre
Depois me torço de dor
Fico pensando: tomara
Que esta dor um dia doa
Nos que tem tanto, mas tanto,
Que transformam pão em lixo
Com meus dedos no monturo
Sinto-me lixo também.
Não pareço, mas sou criança.
Por isso enquanto procuro
Restos de vida no chão,
Uma fome diferente,
Quem sabe é o pão da esperança
Esquenta meu coração:
Que um dia criança nenhuma
Seja mão serva do lixo.


2 comentários:

  1. Que maravilhoso e forte esse poema! Lindo! Que tua Páscoa seja alegre e feliz!beijos,chica

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  2. Que m., ter de ler coisa tão desagradável.
    Mas é a realidade, dura, o sistema é falho. Sem educar casais a disciplinar a relação sexual para o prazer até que a situação estável em vários sentidos permita aumentar a família.
    Certamente a educação familiar deveria ser a base pra um possível casamento, premissa como fazer aula de direção pra se dirigir um carro.
    A mãe Terra não suporta mais esse crescimento populacional, e os governos deixam a rédea solta, até quando?
    Viva a igreja, viva o papa!

    ResponderExcluir

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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco

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