Presente na China há mais de uma década e aprovado para uso no Brasil só
em 2009, o algodão transgênico Bt desfrutou de algumas boas safras.
Agora, porém, a praga emergente afeta a produtividade do vegetal e se
espalha também para o cultivo de frutas, afirma um estudo de cientistas
da Academia Chinesa de Agronomia.
Em artigo na revista "Science", o grupo mostra que os algodoeiros Bt
estão enfrentando problemas pelo motivo inverso ao qual vinham sendo
criticados por ambientalistas.
Por muito tempo, transgênicos dessa variedade foram acusados de
prejudicar insetos carismáticos, como a borboleta-monarca. Os percevejos
mirídeos que viraram praga na China, porém, bem poderiam ter entrado
nessa categoria antes.
As plantas Bt são resistentes a algumas pragas porque têm incorporado em
seu DNA um gene da bactéria Bacillus thuringiensis, produtora de toxina
letal para certos insetos. Percevejos mirídeos, porém, não são afetados
pelos transgênicos.
"Antes da adoção do algodão Bt, um inseticida de amplo espectro contra
[a lagarta] Helicoverpa armigera reduzia as populações de mirídeos;
plantações de algodão atuavam como armadilhas sem saída", escrevem o
cientista Yuyuan Go e seus colegas na "Science".
O grupo, porém, não defende que a solução para o problema seja uma volta
ao uso de agrotóxicos químicos do tipo mata-tudo, que costumam gerar
danos ambientais mais graves. A solução, dizem, é investir no "manejo
integrado de pragas" para não ter de abrir mão dos benefícios que o Bt
trouxe, como evitar pragas resistentes.
"No tratamento com inseticidas, às vezes é preciso usar três ou quatro
tipos diferentes", afirma Olívia Arantes, geneticista da Embrapa Meio
Ambiente especialista em Bt. Segundo ela, é improvável que o Bt também
fosse se revelar uma solução para uso solitário.
Antes de ser incorporada aos transgênicos, a toxina da bactéria era
borrifada diretamente nas plantas. O receio de as pragas evoluírem
criando resistência ao Bt, segundo ela, é pequeno, pois existem muitas
variedades da proteína que constitui a toxina, permitindo que os
produtores se adaptem.
Na China, o algodão Bt teve tanto sucesso no fim da década de 1990 que
se disseminou até conquistar 95% das fazendas dessa cultura. No Brasil,
as estatísticas são incertas, porque esse transgênico começou a ser
plantado de forma "pirata" antes da aprovação. Agora, as empresas
Monsanto e Dow já podem comercializar a planta Bt. A Embrapa desenvolve
novas variedades, ainda em teste.
Segundo Arantes, para o país se beneficiar dessa tecnologia, é preciso
dar atenção ao estudo de interações ecológicas entre pragas, disciplina
que lida justamente com efeitos como o ocorrido na China. "Essa é uma
área de pesquisa que já está bastante ampla", afirma.Fonte: Folha Online,14/05
Enquanto o animal humano não perder esta mania de que pode controlar a NATUREZA... não vamos lá...
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