Quem não se lembra
das propagandas de televisão enaltecendo aquela marca famosa de
geladeiras
que era o desejo de toda dona de casa moderna? Era a marca que
transmitia
segurança de uma compra com qualidade. Pois é, o mundo mudou! Os
consumidores
já não escolhem eletrodomésticos pela marca como atributo principal e,
sim
por rotulagem ambiental. Sim, estamos vivendo uma quebra de paradigma e
as
marcas que não perceberam isso já estão perdendo “market share” até
mesmo
para novatas. Não é incrível a velocidade como as coisas mudam?
O
momento é mesmo de
quebra de paradigmas quando falamos em comportamento do consumidor e
sustentabilidade. As pesquisas mostram que o consumidor já está
deixando de
comprar por marca e a utilizar como critério de escolha desempenho e
sustentabilidade, garantidos por uma rotulagem em que ele acredite.
É o
que mostra, por
exemplo, pesquisa recente da MaketAnalysis: 40% dos consumidores
brasileiros já estão dispostos a pagar mais 10% por eletrodoméstico de
marca mesmo
desconhecida se ele possuir o Selo Procel. Quem poderia imaginar
isso?
Se
os donos de
marcas famosas “dormirem no ponto” e não se atentarem para a nova
necessidade
dos consumidores, especialmente no Brasil, de privilegiar produtos e
empresas sustentáveis estarão cedendo o lugar de liderança para os que
conseguirem se mostrar mais eficientes e sustentáveis.
Imagine
se aquela
marca famosa de geladeiras tivesse percebido essa mudança de
comportamento e
saísse na frente mostrando que já tinha os melhores níveis de
eficiência
energética, uma fábrica verde, um recolhimento e destinação de
geladeiras
velhas, o melhor serviço de assistência técnica também
socioambientalmente
responsável. Bem isso, aparentemente, não foi feito e a conseqüência
está
mostrada na pesquisa da MarketAnalysis.
Bem,
existe o outro
lado da história que são as empresas que ao perceberem a alteração no
comportamento do consumidor passam a serem “criativas” lançando seus
próprios
selos “verdes”, “eco”, entre outras denominações. Estas ações, sem
embasamento técnico e sem independência na avaliação, conhecidas como greenwash
ou maquiagem verde, podem ser consideradas tanto falsidade ideológica
quanto
propaganda enganosa, por induzir o consumidor a erro de julgamento por
informação falsa ou imprecisa, tornando-se uma bomba-relógio contra
sua
própria imagem.
Assim,
é tempo de
colocar os pingos nos “i” s. Os selos verdes de rotulagem ambiental
são
importantes instrumentos para auxiliar os consumidores em suas
compras, desde
que emitidos por órgãos governamentais, por ONG´s ou por entidades
privadas
que se utilizam de múltiplos critérios idôneos de avaliação para
caracterizar
determinados segmentos de produtos. Como exemplos temos o Selo Procel de Eficiência Energética,
no
caso de eletrodomésticos, o FSC (Forest Stewardship Council)
ou o CEFLOR (Programa Nacional
de Certificação
Florestal) para madeira e o Selo SustentaX
para produtos e serviços.
É
importante
esclarecer também que, diferentemente de muitos anúncios, campanhas e
lançamentos, não se pode considerar como sustentável um produto apenas
por
sua embalagem. Produtos sustentáveis são aqueles que incorporam, no
mínimo,
os atributos essenciais da sustentabilidade: salubridade (não pode
fazer mal
à saúde), qualidade (comprovada para o que se propõe) e
responsabilidade
social, ambiental e de comunicação com o consumidor.
Os
consumidores
brasileiros estão indicando, por meio de pesquisas que estão
dispostos a pagar mais caro por produtos sustentáveis e não acreditam
no que
os fabricantes dizem e a imprensa publica. Neste cenário, a rotulagem
ambiental tem um papel importantíssimo a cumprir ao disponibilizar,
com
credibilidade ao consumidor, uma informação isenta sobre a eficiência
energética, sobre a origem socioambiental legal da madeira ou sobre a
sustentabilidade dos produtos.
Newton
Figueiredo é fundador e presidente do
Grupo
SustentaX, que desenvolve, de forma integrada, o conceito de
sustentabilidade
ajudando as corporações a terem seus negócios mais competitivos e
sustentáveis,
identificando para os consumidores produtos e serviços sustentáveis e
desenvolvendo projetos de sustentabilidade para empreendimentos
imobiliários.
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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco