Representantes da SP Trans e da Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos concordam com algumas sugestões da sociedade. Problema é colocá-las em prática
Elogios à iniciativa da sociedade, de ofertar propostas para o
transporte e a mobilidade urbana, e declarações concordando com pontos
sugeridos no documento apresentado marcaram a 2ª parte do seminário
sobre um plano municipal sustentável para o setor. Entre os
participantes do evento que avaliaram positivamente o conjunto de
sugestões destinadas a contribuir para a elaboração do plano, que a
cidade de São Paulo ainda não tem, estão os representantes da SP Trans e
da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos. O problema,
evidenciado durante o debate realizado nesta segunda-feira (20/9) na
câmara de vereadores, é colocá-las em prática.
“As diretrizes propostas no PITU [Plano Integrado de Transportes
Urbanos] são as mesmas que vocês trazem aqui [para o Plano Municipal de
Mobilidade e Transportes Sustentáveis]”, considerou Horácio Nelson
Hasson Hirsch, diretor técnico da secretaria estadual. Entre os pontos
coincidentes, ele cita a proposta de adensamento da população ao longo
das linhas de metrô e de trem e a necessidade de descentralizar as
atividades econômicas e a geração de empregos em São Paulo. “Temos uma
concentração de emprego no Centro Expandido [área central da cidade
delimitada pelo chamado mini-anel viário], enquanto a população da
região está diminuindo”, concordou.
Segundo Hirsch, atualmente 43% dos empregos do município estão no Centro
Expandido, onde moram apenas 13% dos paulistanos. “Esta é uma equação
elementar, que demonstra o desequilíbrio existente e que demanda viagens
mais longas entre moradia e trabalho”, argumentou o representante da
secretaria estadual.
O superintendente de Planejamento da SP Trans, Celso Alexandre de Souza
Lopes, também não apontou divergências entre as propostas da sociedade
civil para o Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis e
as medidas que, em sua visão, têm sido implementadas pela Prefeitura.
“Grande parte do que foi dito aqui [durante apresentação resumida das
sugestões] está no caminho do que a gente tem feito na cidade”, opinou.
Uma das diretrizes defendidas pela sociedade é que o transporte coletivo
(metrô, trem e corredores expressos de ônibus) seja prioridade nos
investimentos dos governos municipal e estadual. Ao abordar este ponto,
Lopes justificou que a sugestão já vem sendo seguida. “A diretriz que a
Prefeitura adotou é investir no metrô, de acordo com a disponibilidade
de orçamento.”
Outros dois participantes do debate – o economista do Sindicato das
Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo,
Wagner Palma Moreira, e o assessor técnico econômico das cooperativas de
ônibus (permissionárias), Levi de Araújo – reafirmaram a necessidade de
mais investimentos no transporte coletivo, especialmente na implantação
de corredores expressos de ônibus nas principais vias da metrópole.
“A população já entendeu que priorizar o transporte coletivo é a
solução”, pontuou Moreira, ao exibir dados da pesquisa do Movimento
Nossa São Paulo e Ibope, divulgada na quinta-feira (16/9). Os dados do
levantamento revelam que 67% dos paulistanos apóiam a medida.
Diante das afirmações dos participantes do seminário, especialmente dos
representantes da Prefeitura e do Governo do Estado, de que concordavam
com diversos pontos apresentados, Maurício Broinizi, coordenador da
secretaria executiva do Movimento Nossa São Paulo, destacou que “o
problema é colocar as propostas da população em prática”.
Para exemplificar a dificuldade, o integrante do Movimento lembrou uma
das principais divergências existentes entre o que a população deseja e o
que propõem as administrações municipal e estadual. “Queremos deixar
claro que existe uma clara rejeição do monotrilho [sistema de transporte
elevado e sobre trilhos] por parte dos moradores das regiões onde a
Prefeitura e o Governo do Estado pretendem implantar as linhas”,
relatou.
Broinizi convidou os integrantes dos poderes Executivo e Legislativo a
continuarem o diálogo com a sociedade, para a elaboração do plano de
mobilidade e transporte. Todos os debatedores, bem como o vereador José
Police Neto (PSDB), que representou a Câmara Municipal no seminário,
receberam as propostas elaboradas pelo Movimento e outras organizações
da sociedade civil. “O debate tem ganhado muito em qualidade”, observou
Police Neto, ao final do evento.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos (CPTM) não enviaram representantes.
Airton Goes
Eu estive de presente e pude assistir a apresentação da das propostas para o Plano de Mobilidade feita pela TC Urbes.
As fotos são minhas.
Érica Sena
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