Estudo apontará a capacidade das praias e trilhas da região de Trindade para receber turistas sem que ocorra degradação ambiental; no ano-novo 2009-2010, durante nove dias, 35,8 mil turistas estiveram na localidade, cuja população é de mil pessoas
A região de Trindade, paraíso de universitários e bichos-grilos que gostam de
acampar e de famílias de alta renda com casas de veraneio no Condomínio
Laranjeiras, tem cerca de mil moradores e inúmeros encantos. Suas praias, no
município de Paraty (RJ), são cercadas por áreas preservadas de Mata Atlântica -
e a alguma delas só se chega de barco ou por trilhas.
Paraíso. Praia do Rancho, em Trindade, na
região do Parque Nacional da Serra da Bocaina; calmaria de fevereiro constrsta
com cheia dos feriados e férias
Mas o turismo desordenado e a falta de estrutura, como coleta e tratamento de
esgoto, ameaça o lugar. Levantamento feito no verão de 2009/2010 mostrou que a
região recebeu em nove dias, no feriado do ano-novo, 35,8 mil pessoas - quase o
mesmo número de habitantes de Paraty (37,5 mil). No carnaval, o número de
turistas em seis dias chegou a 22,4 mil.
Com tamanha visitação, problemas como o grande amontoado de lixo e o esgoto
que vai parar na praia saltam aos olhos. Agora, um estudo que terá duração de um
ano analisará a capacidade que a área tem para receber viajantes sem que ocorra
degradação ambiental.
A pesquisa será implementada pelos institutos EcoBrasil e BioAtlântica, com
apoio da Fundação SOS Mata Atlântica.
O estudo abrangerá as atrações turísticas
da Vila de Trindade, da Vila Oratório, da Praia do Sono e da Ponta Negra.
"Faremos uma recomendação para a entrada de um número determinado de carros por
dia, por exemplo. Também veremos qual é a capacidade das trilhas", explica
Roberto Mourão, do EcoBrasil.
Ecoturismo. Na opinião de Daniel Cywinski, diretor executivo da Associação
Cairuçu, o ideal é ter um turismo de mais qualidade e menos quantidade em
Trindade. "Hoje, cada pessoa gasta em média R$ 30 por dia na Praia do Sono.
Elevar para R$ 150 não seria exagero pelo valor do lugar, pela paisagem
extraordinária", diz.
As Praias do Meio e do Caixadaço ficam dentro do Parque Nacional da Bocaina.
Segundo o chefe do parque, Francisco Livino, em 2008 começaram algumas ações de
ordenamento, com a retirada de bares. Mas muitos ainda estão por lá.
Apesar de a unidade de conservação ter sido criada em 1971, a infraestrutura
é precária e, por isso, não se cobra entrada. "Precisamos mudar o perfil. Hoje
os jovens vão para a Praia do Meio para fazer balada, tomar cerveja e ouvir
música. Mas precisamos que a área tenha ecoturismo."
A psicóloga Cristiane De Vecchio Rose começou a frequentar Trindade há cerca
de 15 anos, com amigos da universidade. Mas afirma que hoje não tem mais vontade
de voltar. "Antes era um lugar rústico, calmo. Agora acho que perdeu o encanto,
há muito comércio, pessoas te oferecem para ficar nos quiosques, com cadeiras na
praia", conta.
O aumento de construções também preocupa o biólogo Fausto Rosa de Campos, de
28 anos, que nasceu em Trindade e é dono do camping Menina Flor. "Uma coisa
bacana é que em Trindade o caiçara mora de frente para a praia, o que não se vê
no restante do litoral. E as praias continuam lindas. Mas o crescimento
desordenado vai deixando tudo mais feio. Não tem mais para onde crescer - ou
congela ou vai virar favela", diz.
Fonte: Estado de SP, 27/02
Esse estudo e devidas ações preventivas devem ser feitas em todas as regiões localizadas em ecossistemas ainda conservados, principalmente no ecossistema litorâneo, antes que a falta de leis e proibições resultem no fim dessa paisagem.
As cidades turísticas, litorâneas ou não, têm que começar a pensar em formas de garantir turistas, como também garantir a conservação da paisagem, através de inserção de ecoturismo local.
Érica Sena
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pensar Eco agradece sua visita!
Comente, sugira, critique, enfim, participe!!! Isso é muito importante!
Abs,
Érica Sena
Pensar Eco