Leiam o artigo feito pelo meu amigo e parceiro Jair do Amaral da Cooperativa de Reciclagem Crescer.
Ele faz um desabafo dos problemas enfrentados pelas cooperativas de reciclagem, mostrando que existem ainda muitos entraves para se colocar em prática a PNRS.
Mesmo não concordando com a parte que ela fala sobre as sacolas plásticas,( ele sabe disso..eheheh) concordo com o restante.
Leiam: " LIXOS URBANOS"
Algumas embalagens “ditas” recicláveis são verdadeiros “lixos urbanos”.
Nas
maiores e melhores das intenções as pessoas e cooperativas de
reciclagem, acreditando na “causa” e na importância da coleta seletiva
para geração de trabalho, renda e preservação ambiental, separam,
coletam, processam, armazenam e “tentam” comercializar algumas
embalagens que são, no mínimo, inconvenientes nesse meio ambiente.
O
nosso e já bem conhecido símbolo da reciclagem está lá, demarcado
nessas embalagens, mas as realidades logísticas, operacionais e
mercadológicas desses resíduos os transformam em verdadeiros LIXOS no
meio da reciclagem.
Cadê as empresas fabricantes destas embalagens ou que as utilizam para “abrigar” suas mercadorias ou produtos?
Cadê
os fabricantes e utilizadores das embalagens laminadas que não oferecem
as mínimas condições para que esses resíduos não vão parar no rejeito
ou aterro sanitário?
A
destinação final é um transtorno pela falta de cliente. Quando este é
localizado suas exigências de estoque e preços de compra são, no mínimo,
uma brincadeira. As pessoas
separam, a cooperativa coleta, tria, prensa, armazena e a
comercialização é uma incógnita ou é feita só para não destinar ao
aterro sanitário. As cooperativas são armazéns desse lixo, pois sua
reciclagem não gera renda, só trabalho.
Nessa mesma toada podemos citar também as embalagens longa vida. Preço de mercado insignificante perante o trabalho que gera. Neste
caso temos o agravante de que essas embalagens geram mau cheiro e
atraem insetos e outros vetores que alimentam-se da podridão desses
resíduos enquanto também é buscada uma alternativa rentável de
comercialização. Difícil...
Valor de mercado ridículo e exigências de estoque são para que as
cooperativas fiquem com esse Lixo até não agüentarem mais e “doar” para
alguém.
Outra situação que é um absurdo é a do vidro. Esse material é o que mais gera acidente de trabalho numa cooperativa, é o que mais trabalho dá e o que menos renda gera. Sempre foi um transtorno. Para ser rentável, só vendendo para “garrafeiros”. Mas
se uma cooperativa resolve fazer isto corre um sério risco de se ver
envolvida com falsificação de bebidas, perfumes ou embalagens ilegais de
palmitos, etc.
Cadê os fabricantes e “utilizadores” destas embalagens? Onde está a logística reversa? Quando o valor desse “lixo” gerará renda para os catadores?
A
incoerência é transparente quando falamos das tão famosas sacolinhas
plásticas. Essa embalagem que tem (tinha) excelente valor de mercado e
realmente gerava renda, além de trabalho, foram as escolhidas por
supostos ambientalistas de escritório e especialistas na arte dos Erres
(Rs) para demonstrar o desconhecimento na área. Ainda bem que a justiça
avaliou os empregos que estavam em jogo com esta ação paliativa de
redução de resíduos. A utilização ou não do resíduo deve partir do
consumidor e não proibir a embalagem, ao menos nos casos das
verdadeiramente recicláveis e que geram renda na coleta seletiva. É a
mesma situação de uma lei que proibiria a garupa nas motos para reduzir
os assaltos. Prefiro que proibam as embalagens de salgadinhos, bolachas, bandejinhas de isopor, longa vida, etc…
Cadê
os fabricantes ou utilizadores das embalagens de papelão colorido
(misto – caixas de sapatos, pizzas, remédios, perfumes, enfim, quase
tudo). Diferentemente das
embalagens longa vida, essas não geram mau cheiro e não atraem ratos,
baratas e insetos diversos, mas seu preço de mercado sempre foi ridículo
e não vislumbramos a intervenção dos geradores desse “lixo” para que
isso mude.
Cadê os fabricantes ou utilizadores das embalagens de Iogurtes (P.S.). Mesma situação da longa vida, ou seja, difícil comercialização, péssimo na geração de renda e atrativo de vetores diversos.
Podemos
ir além e citar outros (isopor, jornal, revista, acrílico, tubos de TV e
computador, lâmpadas, óleo vegetal usado, etc)...
Já
faz mais de um ano que a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi
aprovada e este artigo/manifesto vem de quem trabalha e tenta fazer da
coleta seletiva uma atividade rentável para populações em situação de
risco social e que tem nesta atividade a clara situação prática do tripé
da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Chamo
aqui a atenção desses fabricantes e marcas geradoras de resíduos não
rentáveis e inconvenientes à coleta seletiva para que façam sua parte no
compartilhamento da responsabilidade pra que estes “lixos urbanos”
tornem-se resíduos recicláveis rentáveis.
JAIR DO AMARAL – COOPERADO FUNDADOR
COOPERATIVA DE RECICLAGEM CRESCER
WWW.COOPERATIVACRESCER.ORG.BR
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Érica Sena
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