Nações africanas e do sudeste asiático são as que mais sofrerão com as consequências do aquecimento global, mas o Brasil também apresenta regiões de risco e deve se preparar para o aumento da frequência de enchentes e queimadas.
Mapa mostra a escala de vulnerabilidade dos países, sendo que o azul escuro significa risco extremo / Maplecrof |
Às vésperas das Nações Unidas anunciarem que chegamos aos sete bilhões de habitantes, muitos dos países com o maior crescimento populacional no planeta estão em áreas de extremo risco climático e praticamente todas as grandes cidades do sudeste da Ásia poderão ser palco de tragédias humanitárias nos próximos anos se nada for feito.
Esta é a principal mensagem da quarta edição do Atlas de Risco Ambiental e das Mudanças Climáticas, que foi divulgado nesta quarta-feira (27) pela consultoria Maplecroft.
Os dez países mais vulneráveis de acordo com o levantamento são:
Haiti,
Bangladesh,
Serra Leoa,
Zimbábue,
Madagascar,
Camboja,
Moçambique,
Congo,
Malau,
Filipinas
Sendo que as piores consequências
das mudanças climáticas serão vistas principalmente nas grandes
aglomerações populacionais, como Jacarta, Daca e Manila.
Segundo o Atlas, o crescimento desordenado dessas cidades, somado à
falta de governança, corrupção e pobreza, fará com que cada uma delas se
transforme em um lugar propício a grandes tragédias. Deslizamentos,
enchentes, falta de água e alimento, doenças ligadas à inexistência de
saneamento básico... Tudo isso será exponencializado pelo aquecimento
global.
“Os impactos dos fenômenos climáticos extremos em regiões densamente
povoadas já são bem conhecidos e documentados. Se as mudanças climáticas
representarem mesmo o aumento da frequência desses eventos, e
acreditamos que sim, isto significa grandes desastres para os próximos
anos”, afirmou Charlie Beldon, analista da Maplecroft.
Manila, por exemplo, deve aumentar sua população em 2,23 milhões e
sua área em quase 20% até 2020. Sendo particularmente vulnerável a
enchentes e furacões, a falta de infraestrutura para abrigar essas
pessoas facilitará tragédias ainda maiores que no passado. Em 2010, o
furacão Conson matou 146 e afetou mais de meio milhão de pessoas na
cidade.
“A expansão da população deveria ser acompanhada pela expansão da
infraestrutura. Com o crescimento dessas grandes cidades, mais pessoas
são obrigadas a viver em áreas extremamente expostas, como encostas de
morros ou leitos de rios. Assim, acabam sendo os mais pobres os que
sofrerão os piores efeitos das mudanças climáticas”, explicou Beldon.
O Brasil aparece em 116 no ranking, sendo classificado como ‘risco
mediano’. Porém, por se tratar de um país continental, algumas regiões
são muito mais vulneráveis que outras e separadamente acabam sendo
consideradas de ‘alto risco’.
É o caso do litoral sul, que, segundo a Maplecroft, deve registrar um
aumento considerável na precipitação nos próximos anos e ficar ainda
mais suscetível a enchentes. Assim, desastres como as inundações no Vale
do Itajaí em Santa Catarina devem se repetir com muito mais frequência.
A parte central do Brasil também é considerada de risco, mas por
causa das secas e queimadas. A Agricultura deve sofrer impactos e os
parques de conservação devem enfrentar incêndios, como os vistos neste
ano, mais vezes e de maiores proporções.
Porém, o Atlas coloca o Brasil como uma das nações que possuem boas
condições de adaptação. O governo tem a capacidade de mitigar as
consequências do aquecimento global se assim quiser, pois recursos e
domínio técnico estão disponíveis. Seria apenas uma questão de vontade
política. (Fabiano Ávila)
Fonte: Instituto CarbonoBrasil - 27/10/11
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