O mundo ainda está longe de alcançar as metas de redução dos impactos
 das mudanças climáticas estabelecidas pelas Nações Unidas, e deve se 
preparar para desastres maiores se o atual cenário não for modificado, 
alertou um estudo divulgado por organizações ambientais  nesta 
quarta-feira (5) que ressaltou o aumento das emissões de gases de efeito
 estufa do Brasil.
Durante as negociações da ONU realizadas na Cidade do Panamá, 
preparatórias para a Cúpula Climática da ONU em Durban, na África do 
Sul, no fim do ano, o mecanismo criado pelas ongs denominado “Rastreador
 de Ação Climática”, que pretende fazer um acompanhamento dos esforços 
dos países para reduzir as emissões de gases-estufa, detectou um abismo 
entre as metas estabelecidas pelos governos e seus resultados.
Em 2009, na Cúpula do Clima da ONU em Copenhague, os países 
concordaram no último minuto em limitar a elevação da temperatura do 
planeta a dois graus Celsius com relação aos níveis do período 
pré-industrial, meta considerada tímida demais para os ambientalistas.
Alta nas emissões brasileiras
 O rastreador 
calculou que o Brasil terá emissões “significativamente maiores” ao 
previamente projetado.
  Em Copenhague, o país prometeu uma redução entre 
36% e 39% das emissões em comparação com o cenário “business as usual” 
(com parâmetros inalterados).
No entanto, dados recentes do país indicam que as emissões de dióxido
 de carbono aumentaram, sobretudo devido ao avanço do desmatamento, 
destacou o estudo. Segundo números divulgados pelo Ministério do Meio 
Ambiente na última segunda-feira (3), a Amazônia perdeu 7.000 km² de 
floresta em 2010.
Na China, nação que detém o título de maior emissor de dióxido de 
carbono, as emissões deste gás considerado o responsável pelo aumento da
 temperatura no planeta estão crescendo mais rápido do que se pensava. 
Segundo o estudo, se os níveis atuais forem mantidos, em 2020 as 
emissões de gases estufa estarão na casa dos 54 milhões de toneladas de 
dióxido de carbono, o equivalente a entre 10 e 14 milhões de toneladas a
 mais do que a meta fixada.
O planeta está “muito, muito longe” de alcançar o objetivo de dois 
graus, alertou Bill Hare, um dos principais autores de um relatório 
científico das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, elaborado em 
2007, e diretor do grupo de pesquisas Climate Analytics, sediado em 
Postdam, na Alemanha.
 “Caminhamos para um aquecimento de mais de três 
graus, a menos que haja avanços importantes”, disse Hare, assessor do 
grupo ambientalista Greenpeace.
Danos severos ao planeta 
 Até mesmo um aumento de 
dois graus na temperatura global seria problemático, pois o mundo 
ficaria exposto a incêndios muito mais frequentes e à elevação do nível 
do mar, destacou. “Os níveis de aquecimento rumo aos quais estamos 
avançando podem chegar a provocar facilmente severos danos a 
ecossistemas vulneráveis de um extremo a outro do planeta”, acrescentou.
“A produção e a disponibilidade de alimentos ficariam ameaçadas, 
particularmente na África, se as práticas agrícolas atuais mudassem 
rapidamente”, explicou.
A China, que superou os Estados Unidos como o principal emissor 
global, resiste a assinar um tratado internacional vinculante, mas se 
comprometeu em reduzir entre 40% e 45% a quantidade de carbono produzida
 por cada ponto do PIB até o final de 2020.
O Rastreador de Ação Climática admitiu que o país está tomando 
medidas para economizar energia e trocar sua matriz energética com 
vistas ao uso maior de fontes renováveis, como a eólica. “Isto é muito 
positivo”, disse Niklas Hoehne, diretor de política energética e 
climática da consultoria Ecofys.
Ele reforçou, no entanto, que as emissões chinesas são superiores ao 
previsto inicialmente em razão do “rápido crescimento econômico” do 
país.
Políticas contra emissões
 Nos Estados Unidos, o 
presidente Barack Obama se comprometeu a reduzir as emissões em 17% com 
relação aos níveis de 2005, mas enfrenta uma forte oposição dos republicanos.
Muitos deles questionam as evidências científicas das mudanças 
climáticas e afirmam que importantes reduções no uso de petróleo e 
outros combustíveis fósseis representariam uma nova carga para a já 
atribulada economia americana.
As negociações no Panamá, iniciadas no sábado passado (1) e que se 
estendem até a próxima sexta-feira (7), visam a tirar do ponto morto em 
que se encontram alguns aspectos chave da próxima conferência das Nações
 Unidas sobre Mudanças Climáticas.
O maior entrave está no futuro do Protocolo de Kyoto, que exige dos 
países desenvolvidos que reduzam suas emissões de dióxido de carbono. As
 obrigações impostas por este tratado terminam em 2012 e ainda não há um
 pacto para renová-las.
Os participantes não esperam o anúncio de algum acordo, mas sim 
estabelecer as bases para a conferência de Durban, que começará em 28 de
 novembro e é vista como a última oportunidade de se tomar uma decisão 
com relação ao período pós-Kyoto. (G1)
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2011/10/06/75329-estudo-revela-que-planeta-esta-longe-de-mitigar-mudanca-do-clima.html
Fonte: Ambiente Brasil, 06/10/11 

