Concentração de matéria orgânica e variedade de resíduos alteram perfil de poluentes.
O trabalho mostrou também que o principal problema para os dois rios não é a poluição difusa - que vem dos dejetos levados ao leito pela chuva, uma responsabilidade da Prefeitura -, mas o esgoto doméstico e industrial, cuja coleta, na maioria das cidades da Grande São Paulo, caberia à Sabesp, empresa mista que tem como principal acionista o governo estadual.
"A concentração de hidrocarbonetos na água (algo que pode ser creditado à omissão da Prefeitura) é ínfima quando comparada à presença de substâncias oriundas do esgoto (que deveria ser tratado pela Sabesp)", pondera o promotor e coautor do estudo, José Eduardo Lutti, do Ministério Público de São Paulo (MPE). Ao todo, 33 bairros ainda despejam parte do seu esgoto no Tietê.
Diferenças
Outra exclusividade digna de nota no Pinheiros é o hexaclorobutadieno, um composto cancerígeno eliminado por fábricas que utilizam ácido clorídrico nos seus processos industriais.
Já o Tietê apresenta 11 substâncias que não foram encontradas no Pinheiros.
"Mas o que mais surpreende é o impacto dos efluentes domésticos, maior no Tietê", afirma Davi Cunha, da Escola de Engenharia de São Carlos (USP), sublinhando as altas concentrações de detergente e nitrogênio amoniacal na água.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) realiza medições bimestrais nos sete pontos de amostra dos rios na cidade de São Paulo. Nove variáveis - como turbidez e coliformes fecais - entram no cálculo do Índice de Qualidade das Águas (IQA) divulgado pelo órgão, responsável pela qualificação da água em péssima, ruim, regular, boa e ótima. A Cetesb investiga outras 32 variáveis que não integram o IQA.
Doron Grull, do Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública da USP, afirma que análises mais minuciosas e transparentes seriam desejáveis. "A análise de mais variáveis e com uma frequência maior facilitaria a descoberta de infratores", afirma Grull. "Se você encontra uma substância relacionada a um processo industrial concreto, pode chegar às empresas suspeitas de eliminá-la na rede."
Ao Estado, a Cetesb respondeu que considera o método usado "suficiente para o monitoramento da qualidade das águas dos Rios Tietê e Pinheiros". ( Alexandre Gonçalves - O Estado de S. Paulo)
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,rios-tiete-e-pinheiros-tem-tipos-de-poluicao-diferentes-mostra-estudo,834594,0.htm
Fonte: Estado de SP- fev/12
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Érica Sena
Pensar Eco