Foto: Bombeiros do Estado de São Paulo/ ABr |
Durou 9 dias o incêndio na Ultracargo [na área industrial da Alemoa, em Santos]. Os impactos ambientais e sociais começaram a ser noticiados quando completou 1 semana. Peixes morrendo, combustível vazado, fumaça, fumaça, fumaça, chuva ácida se chover. A empresa foi multada em 22 milhões de reais e terá de cumprir 5 exigências, entre elas a revisão de seu Plano de Ação de Emergência e de seu Plano de Gerenciamento de Riscos. As dificuldades para apagar o fogaréu indicam como a empresa deveria lidar com riscos para evitar a ocorrência, para não alastrar, para conter e para se relacionar com moradores, órgãos e imprensa. E a conduta protagonista seria o adequado pela gravidade da situação e pela grandeza dos impactos negativos, com prejuízos econômicos, ambientais e sociais que, no final das contas, são compartilhados com a sociedade.
O Brasil tem uma bela e avançada legislação ambiental. Quando ouvimos ôtoridades ou empresários reclamando de licenciamento, estudos de impactos, planos de gestão de riscos e programas de ações preventivas, e vemos um desastre como o incêndio nos tanques de combustíveis da Ultracargo, fica fácil entender que estão errados. O plano para gerenciamento de riscos, com análises quantitativa e qualitativa, com classificação de riscos aceitáveis e não aceitáveis, e um programa de prevenção e controle de acidentes são instrumentos que dariam à empresa as condições de seus gestores terem conduta protagonista antes, durante e depois de um desastre ambiental.
Mas, não basta ter um instrumento de gestão ambiental robusto na teoria, tem que manter atualizado e tem que pôr para funcionar no cotidiano da empresa e na precisão. E estando atualizado e sendo executado, moradores do entorno sabem o que fazer em diferentes situações, pois são treinados previamente. Possíveis impactos são anunciados para a imprensa, junto com orientações básicas de segurança, com a transparência que, pela confiança, anula crises e dispersa alarmes falsos ou sensacionalismos.
Consultamos no site da Ultracargo a seção sobre seus programas, normas e certificações. Entre os programas está o EPA [Examine, Planeja e Aja], que “tem o objetivo de eliminar as situações de risco, estimulando o planejamento adequado à tarefa, garantindo que as atividades de rotina sejam efetuadas com fundamentos de segurança.”, e ponto final. Informações sobre ações executadas ou previstas no programa? Orientações? Tem não… Considerando a periculosidade do negócio, o site deveria ser um canal dinâmico de comunicação com stakeholders, porém, não é aproveitado pela empresa para gerar valor.
A comunicação reflete a gestão de uma empresa, e a gestão determina sua reputação. Apagado o incêndio, o rescaldo cabe aos moradores. É importante que conheçam o plano de gerenciamento de riscos, as ações dos programas, que peçam diálogos efetivos. E se a Ultracargo não apresentou ainda, então, taí a oportunidade. Aliás, essa recomendação serve para qualquer pessoa que more perto de uma indústria, de um complexo industrial, e as associações de moradores e os vereadores podem, e devem, ajudar para que a sociedade tenha acesso e compreensão sobre riscos, responsabilidades e a importância de dialogar.
E é bom ficar de olho no que restou. Outra exigência, importantíssima, é relativa aos de resíduos gerados no incêndio, a empresa vai ter que apresentar um plano específico antes da remoção deles. O local de disposição tem que ser aprovado. Essa operação requer um Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental. Sabe por que? Para evitar mais problemas, para proteger o ambiente em que vivemos e do qual tiramos tudo que precisamos, ou seja, para o seu bem estar.
Segue o link para você conferir os motivos da multa e as ações que a Ultracargo deve cumprir, anunciados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) na quarta 15/04
Beatriz Carvalho Diniz
Beatriz Carvalho Diniz, Consultora de Comunicação e Sustentabilidade. Criativa de Eco Lógico Sustentabilidade, conteúdo produzido com amor, sem fins lucrativos, desde 2009.
Fonte: Portal EcoDebate, 17/04/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pensar Eco agradece sua visita!
Comente, sugira, critique, enfim, participe!!! Isso é muito importante!
Abs,
Érica Sena
Pensar Eco