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segunda-feira, 22 de junho de 2015

O “lixo” nos oceanos


            A questão do “lixo” nas praias é notável no extenso litoral brasileiro.

O Instituto Ecofaxina, que atua no litoral paulista promovendo a educação ambiental e organizando ações de coleta voluntária de resíduos nas praias e manguezais, chega a recolher em suas ações cerca de 350kg de resíduos em um dia (incluindo recicláveis, móveis, roupas, etc.). No entanto, os seres humanos não poluem apenas as praias, mas também os oceanos.
 Charles Moore, fundador da Algalita fala sobre o assunto neste TED: A Algalita é uma instituição que realiza pesquisas marinhas e trabalhos de educação ambiental. Moore também atua como assessor científico na 5 Gyres, instituição que realiza pesquisas a fim de eliminar a poluição por plásticos nos oceanos.
            Nesta foto estão os restos de um filhote de albatroz do Atol de Midway, situado a uma distância de 2000 milhas do continente mais próximo. Seus pais, como os de muitas outras espécies, confundem resíduos plásticos com alimento e os oferecem aos seus filhotes.

    Foto: Chris Jordan

            Na foto abaixo, estão alguns objetos que foram encontrados dentro de uma baleia que encalhou no litoral de Seattle em abril de 2010 e acabou morrendo. Foram encontradas 20 sacolas plásticas, toalhas pequenas, luvas cirúrgicas, peças de plástico, fita adesiva, um par de calças de moletom, uma bola de golfe, entre outras coisas...

            
Além desse “lixo” visível também há um que é um pouco pior, formado pelos plásticos que estão nos oceanos há mais tempo e por isso já estão fragmentados. É pior porque é mais difícil de gerenciar do que o visível. Além disso, com o derretimento de algumas geleiras por conta do aquecimento global, as substâncias tóxicas, provenientes da poluição, que haviam sido absorvidas pelas geleiras no decorrer dos anos, foram liberadas nos oceanos. Há também as substâncias liberadas nos oceanos por outras fontes de poluição como indústrias, esgoto, etc.  A maior parte dessas substâncias tem a propriedade de se agregar aos fragmentos de plástico, tornando-os tóxicos. Como os peixes não têm como separar esses plásticos da água ao se alimentar, acabam ingerindo tudo isso, e essas substâncias vão se acumulando por toda cadeia alimentar. Algumas dessas toxinas causam principalmente problemas no sistema imunológico e reprodutivo. As espécies do topo da cadeia, como baleias, já estão tendo sérios problemas de reprodução. Isso é um indicativo também para os seres humanos, visto que quem se alimenta de peixes e frutos do mar acaba ingerindo indiretamente essas toxinas e pode apresentar os mesmos problemas no sistema imunológico e reprodutivo. Pesquisadores analisaram espécies de mexilhões que estavam em águas contaminadas e, após algumas semanas imersos em água limpa, a toxidade deles não foi revertida. Em decorrência das correntes marítimas, os poluentes despejados em um local podem ser levados facilmente a outro, por isso este é um problema de todos, e que deve ser resolvido em conjunto.

            É difícil retirar dos oceanos tanto os resíduos visíveis como os fragmentados, até pelo fato de que se espalham facilmente, por isso, o mais importante é garantir que eles não cheguem aos oceanos. Citei o plástico, mas pesquisas demonstraram que até as chamadas sacolas biodegradáveis ou oxibiodegradáveis não sofreram decomposição alguma após um longo tempo de exposição à água do mar, ou seja, resíduos de nenhum material devem chegar ao mar.


   Foto: Charles Moore

            Neste trecho extraído do capítulo que trata da relação entre impactos antropogênicos, mamíferos marinhos e saúde do ecossistema marinho, da dissertação de mestrado de Jailson Fulgencio de Moura, do ano de 2009, podemos notar, observando as datas de suas citações, que este problema já vem sendo discutido pelo meio acadêmico há alguns anos:

“Estudos têm revelado que organismos marinhos situados no topo da cadeia trófica, assim como certos grupos de consumidores humanos, estão expostos não somente a um contaminante específico, mas a uma mistura de contaminantes nocivos à saúde dos grupos expostos (Ross & Birnbaum, 2003). O grupo dos mamíferos marinhos exerce importante controle do sistema ecológico marinho e, desta forma, participa ativamente da manutenção da integridade de seu ecossistema. Seu decréscimo ou desaparecimento em algumas áreas poderia provocar alterações dramáticas na estrutura da biodiversidade. Entretanto, estudos têm demonstrado que várias espécies de mamíferos marinhos são sensíveis aos efeitos toxicológicos de certos contaminantes, como organoclorados (e.g. DDTs e PCBs) e metais (e.g. mercúrio e cádmio) (Siciliano et al., 2005). Atualmente, os contaminantes persistentes possuem ampla distribuição geográfica, podendo ser detectados em regiões distantes de qualquer local de onde tenham sido liberados no ambiente, como no Ártico e na Antártica (Aono et al., 1997; Skaare et al., 2002). Apesar disso, os níveis de contaminantes detectados nos tecidos destes animais também refletem fontes emissoras pontuais ou possuem forte ligação com o histórico de contaminação local ou regional.”

            Resta à população em geral, aos governos e empresas, conscientes deste fato, buscar a união de forma a encontrar um solução satisfatória. Enquanto cidadãos, podemos reduzir nosso consumo de forma a gerar menos resíduo, optar por empresas que se preocupem tanto em reduzir suas embalagens, como em produzi-las em materiais que possam ser reciclados, e ainda devemos encaminhar adequadamente nossos resíduos, inclusive ao frequentar o litoral.

Mais informações sobre o assunto:






Yully Henrique Fernandes*

*Gestora Ambiental

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Érica Sena
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