A questão do “lixo” nas praias é
notável no extenso litoral brasileiro.
O Instituto
Ecofaxina, que atua no litoral paulista promovendo a educação ambiental e
organizando ações de coleta voluntária de resíduos nas praias e manguezais,
chega a recolher em suas ações cerca de 350kg de resíduos em um dia (incluindo
recicláveis, móveis, roupas, etc.). No entanto, os seres humanos não poluem
apenas as praias, mas também os oceanos.
Charles Moore, fundador da Algalita fala sobre o assunto neste TED:
A Algalita é uma instituição que
realiza pesquisas marinhas e trabalhos de educação ambiental. Moore também atua
como assessor científico na 5 Gyres,
instituição que realiza pesquisas a fim de eliminar a poluição por
plásticos nos oceanos.
Nesta foto estão os restos de um
filhote de albatroz do Atol de Midway, situado a uma distância de 2000 milhas
do continente mais próximo. Seus pais, como os de muitas outras espécies,
confundem resíduos plásticos com alimento e os oferecem aos seus filhotes.
Foto: Chris Jordan |
Na foto abaixo, estão alguns objetos
que foram encontrados dentro de uma baleia que encalhou no litoral de Seattle
em abril de 2010 e acabou morrendo. Foram encontradas 20 sacolas plásticas,
toalhas pequenas, luvas cirúrgicas, peças de plástico, fita adesiva, um par de
calças de moletom, uma bola de golfe, entre outras coisas...
Além
desse “lixo” visível também há um que é um pouco pior, formado pelos plásticos
que estão nos oceanos há mais tempo e por isso já estão fragmentados. É pior
porque é mais difícil de gerenciar do que o visível. Além disso, com o
derretimento de algumas geleiras por conta do aquecimento global, as
substâncias tóxicas, provenientes da poluição, que haviam sido absorvidas pelas
geleiras no decorrer dos anos, foram liberadas nos oceanos. Há também as
substâncias liberadas nos oceanos por outras fontes de poluição como
indústrias, esgoto, etc. A maior parte
dessas substâncias tem a propriedade de se agregar aos fragmentos de plástico,
tornando-os tóxicos. Como os peixes não têm como separar esses plásticos da
água ao se alimentar, acabam ingerindo tudo isso, e essas substâncias vão se
acumulando por toda cadeia alimentar. Algumas dessas toxinas causam
principalmente problemas no sistema imunológico e reprodutivo. As espécies do
topo da cadeia, como baleias, já estão tendo sérios problemas de reprodução.
Isso é um indicativo também para os seres humanos, visto que quem se alimenta
de peixes e frutos do mar acaba ingerindo indiretamente essas toxinas e pode
apresentar os mesmos problemas no sistema imunológico e reprodutivo. Pesquisadores
analisaram espécies de mexilhões que estavam em águas contaminadas e, após algumas
semanas imersos em água limpa, a toxidade deles não foi revertida. Em
decorrência das correntes marítimas, os poluentes despejados em um local podem
ser levados facilmente a outro, por isso este é um problema de todos, e que
deve ser resolvido em conjunto.
É difícil
retirar dos oceanos tanto os resíduos visíveis como os fragmentados, até pelo
fato de que se espalham facilmente, por isso, o mais importante é garantir que
eles não cheguem aos oceanos. Citei o plástico, mas pesquisas demonstraram que
até as chamadas sacolas biodegradáveis ou oxibiodegradáveis não sofreram
decomposição alguma após um longo tempo de exposição à água do mar, ou seja, resíduos
de nenhum material devem chegar ao mar.
Neste trecho
extraído do capítulo que trata da relação entre impactos antropogênicos,
mamíferos marinhos e saúde do ecossistema marinho, da dissertação de mestrado
de Jailson Fulgencio de Moura, do ano de 2009, podemos notar, observando as
datas de suas citações, que este problema já vem sendo discutido pelo meio
acadêmico há alguns anos:
Resta à
população em geral, aos governos e empresas, conscientes deste fato, buscar a
união de forma a encontrar um solução satisfatória. Enquanto cidadãos, podemos
reduzir nosso consumo de forma a gerar menos resíduo, optar por empresas que se
preocupem tanto em reduzir suas embalagens, como em produzi-las em materiais
que possam ser reciclados, e ainda devemos encaminhar adequadamente nossos
resíduos, inclusive ao frequentar o litoral.
Mais informações sobre o assunto:
Yully Henrique Fernandes*
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Érica Sena
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