2016 chegou, e nada foi feito para modificar os dados caóticos
sobre saneamento básico no Brasil, onde a maioria das casas não contemplam
desse direito assegurado na Constituição Federal.
Segundo reportagem recente da Revista Época, no final de 2015, a presidente Dilma Rousseff publicou
um decreto adiando em dois
anos a entrega dos planos municipais de saneamento, o que subentende-se que até
2017, não haverá cobrança ou punição às cidades que não tiverem investido em
saneamento.
O problema não é só do Brasil, grande parte dos países em
desenvolvimento, também não os têm, e tentando chamar atenção para isso o tema
da Campanha
da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016 chamará
atenção ao direito ao saneamento básico.
Mas você sabe o que é Saneamento básico?
Saneamento, segundo o Instituto
Trata Brasil, é o conjunto de medidas que visa preservar ou
modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de
prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população
e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.
No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado
pela Constituição e
definido pela Lei nº.
11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e Instalações
operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana,
drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Muitas vezes
o saneamento é visto de maneira simplificada, só como prestação de
serviços de acesso à água potável, à coleta e ao tratamento dos
esgotos.
A palavra Saneamento vem do latim “sano” (que mostra saúde), que gerou o verbo “saneare”
(tornar são), isto é, ´um ato de limpar algo, de tornar saudável.
Por mais que o acesso ao saneamento básico seja um direito
nosso, não temos! Estudos mostram que muitos bairros, independente de serem de
classe A, B ou C tem abastecimento de água, coleta de esgoto, mas nem sempre
tratamento de esgoto, por mais que seja pago a taxa na conta. Pasmem, será que
seu esgoto é tratado? Já as
ocupações irregulares, não contam com nenhum serviço, na grande maioria.
Segundo dados de 2013 fornecidos pelo Instituto Trata Brasil, uma ONG criada para
defender políticas em prol do saneamento básico, notamos que estamos numa
situação caótica, que além de interferir negativamente no meio ambiente, afeta
diretamente a saúde do ser humano.
Se você já teve gastroenterite, proveniente de água ou alimento
com coliformes fecais, sabe o quanto é ruim. Essa doença, que aparentemente é
simples, pode levar a óbito crianças, idosos, pois
causam diarreia e vomito, e com isso, muita perda de liquido, levando a
desidratação, o que pode ser fatal. A maioria desses casos
provem da falta de saneamento básico, principalmente em ocupações irregulares,
onde não há distribuição de água potável, e muito menos coleta de esgoto, sendo
ele despejado “in natura” no ambiente.
Você sabia que...
- Apenas 82,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água
tratada? Isto
é, mais de 35 milhões de brasileiros não tem o acesso a este serviço
básico!!!
- Menos da metade da população, 48,6%, têm
acesso à coleta de esgoto? Sendo que desse percentual, apenas 39%
do esgoto é tratado?
- Mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas
100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo
redes coletoras disponíveis?
- A média das 100 maiores cidades
brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 40,93%. Apenas 10 delas tratam acima de 80% de
seus esgotos?
- Em termos de volume, as capitais
brasileiras lançaram 1,2 bilhão de m³ de esgotos na
natureza em 2013?
Analisando apenas a quantidade de esgoto tratado por região,
vemos que a pior é a região Norte, mas as demais estão abaixo do 50%, o que é
uma estatística assustadora. Vejam!
Norte: apenas 14,7% do
esgoto é tratado, sendo pior situação entre todas as regiões.
Nordeste: apenas 28,8% do
esgoto é tratado.
Sudeste: 43,9% do esgoto é tratado.
Sul: 43,9%: do esgoto é tratado.
Centro-Oeste: 45,9% do esgoto é tratado. A região com melhor desempenho, porém
a média de esgoto tratado não atinge nem a metade da população.
Mesmo sendo um direito nosso, mais de 100 milhões de brasileiros
não tem acesso a coleta de esgoto, e com isso ele é jogado nos córregos, no
solo, contaminando tudo, e transmitindo doenças (infecções bacterianas,
viroses, verminoses) que podem matar.
Todos esses dados fornecidos pelo o Instituto Trata Brasil,
mostram a realidade do Brasil em 2013. Como será que está hoje? Pior?
Quando nos deparamos com dados aquém do esperado, vemos o quanto
nosso país está atrasado. Enquanto elegermos políticos sem a mínima
responsabilidade com seus eleitores, sua cidade, seu país, não sairemos do
esgoto, para não usar outro termo. Sem saneamento básico não tem como haver
qualidade de vida e saúde para as pessoas, principalmente famílias em situação
de vulnerabilidade social.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
cada R$1,00 investido em
saneamento gera economia de R$4,00 na saúde. Prevenir as
doenças de veiculação hídrica devido falta de saneamento básico, se torna mais
barato ao governo, do que tratar as pessoas nas unidades de saúde pública.
Não adianta querer que as pessoas se conscientizem de que tem
que haver mais consciência ambiental, através de mudanças de atitudes, se uma
grande parcela da população vive em situação miserável, onde o meio ambiente é
sinônimo de lixo e esgoto, de descaso, de proliferação de doenças, de
desigualdade e precariedade.
Se a
grande parte da nossa população não tem acesso ao básico: moradia,
infraestrutura, saneamento básico, alimentação, educação, saúde, como podemos ter
um grande avanço na área ambiental?
#SaneamentoÉSaúde
#SaneamentoÉPrioridade
Érica Sena: bióloga, gestora
ambiental, educadora
Fazia tempo que eu não parava para ler seus artigos: gostei muito do que vi. Achei a cadência excelente, sendo que todo conteúdo apresenta fundamentação teórica. Parabéns! Ah... Quase esqueci de comentar, mas adorei as figuras durante o texto.
ResponderExcluirObrigada Cleiton,
Excluiré sempre bom receber seu comentário.
Volte sempre.
Abs
Érica Sena