Censo realizado
aponta crescimento de espécies exóticas invasoras na capital paranaense;
Métodos de controle e detalhamento de 18 unidades de conservação da cidade são
apresentados.
A remoção de espécies de árvores exóticas é
uma das principais ações de conservação da natureza, pois elas impedem o
desenvolvimento das árvores nativas prejudicando a biodiversidade local. Por
isso, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoiou um projeto que
realizou diagnóstico em 18 dos 22 parques e bosques de Curitiba (PR).
O status dessas áreas naturais acaba de ser
divulgado no documento ‘Subsídios à prevenção e controle de espécies arbóreas
exóticas invasoras nas unidades de conservação de Curitiba’. A pesquisa que
embasou o texto foi desenvolvida pela pesquisadora da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), Raquel Negrelle, e pela diretora de
produção vegetal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, Érica Mielke, com o
apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Os resultados apresentados no documento são
baseados no 2º Censo de Espécies Árboreas Exóticas Invasoras e foram comparados
com o primeiro levantamento realizado em 2007. Nesse período, foi constatado um
crescimento de 40% no número de indivíduos das espécies exóticas invasoras nas
unidades de conservação (UCs) curitibanas, saltando de pouco mais de cinco mil
indivíduos adultos em 2007 para mais de sete mil, em 2013. Apenas para pinus
registrou-se redução do número de indivíduos (37%), em função de ações de
remoção realizadas após 2007.
O segundo censo durou pouco mais de um ano e
envolveu a visita a 18 UCs de Curitiba para monitorar as espécies arbóreas
existentes nesses locais e traçar ações de prevenção e controle das
consideradas exóticas invasoras. As dez espécies exóticas invasoras
identificadas nas UCs e que são passíveis de corte são: alfeneiro, amarelinho,
amoreira-preta, casuarina, cinamomo, eucalipto, nespereira, pau-incenso, pinus
e uva-do-japão.
As espécies exóticas são aquelas que estão
fora de sua área de distribuição natural. Algumas delas, chamadas de invasoras,
têm capacidade de se proliferar e ocupar o lugar das espécies nativas, podendo
até mesmo causar a sua extinção.
“As espécies exóticas invasoras são
consideradas a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade”, aponta Raquel
Negrelle.
Elas prejudicam as espécies nativas, pois
impedem que essas cresçam, porque competem pelos mesmos nutrientes, mas são
mais fortes. Em alguns casos, como o pinus, ele produz um componente químico
que acidifica o solo, impedindo outra planta de se desenvolver.
“As espécies
invasoras se desenvolvem com muita rapidez e num curto período podem dominar o
ambiente. Elas possuem mecanismos muito eficientes de dispersão de sementes e
grande habilidade de brotamento após o corte”, completa Érica Mielke.
Metodologia inovadora
A metodologia utilizada no documento leva em
consideração todos os indivíduos, diferente do que acontecia anteriormente,
quando apenas plantas maduras eram contabilizas. Ao ampliar essa amostragem as informações sã mais
precisas e há possibilidade de agir antes que essas espécies exóticas já
estejam consolidadas.
Além de ser um resultado das áreas
curitibanas, o documento permite que gestores de outras cidades e até mesmo
estados possam utilizá-las como recurso para priorizar ações no combate às
espécies exóticas invasoras.
Pontos críticos
Para a população em geral, essas espécies não
nativas podem ser vistas como inofensivas, mesmo porque a maior parte das
pessoas já se acostumou a vê-las no ambiente urbano, incluindo parques, praças
e até jardins de casas. Essa realidade acontece em diversas cidades brasileiras
e, no caso de Curitiba, entre as espécies mais nocivas estão a amoreira-preta e
o alfeneiro, inseridas em diversas áreas de preservação da cidade, realidade
que é bastante grave.
A diretora executiva da Fundação Grupo
Boticário, Malu Nunes, ressalta que “projetos como esse são muito importantes
para embasar ações importantes que podem se transformar em políticas públicas
que futuramente contribuirão para a conservação efetivas das áreas naturais
brasileiras”.
Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins
lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza.
Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a
atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de
áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de
conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.439
projetos de 482 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas
reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a
Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do
país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços
ambientais em regiões de manancial, o Oásis.
Na internet:
Fonte: NQM Comunicação e Fundação Grupo Boticário
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Érica Sena
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