Falar sobre resíduos sólidos ou popularmente "lixo" parece fácil, mas não é. A complexidade sobre esse assunto, principalmente sobre sua gestão, gera muitos conflitos, tanto sobre o processo, quanto sua nomenclatura.
As palavras reciclável e reutilizável muitas vezes tem o mesmo sentido, a palavra reciclabilidade e reciclável também, sem falar na própria palavra LIXO, que para muitos não pode mais ser dito, fazendo que tudo que aprendemos até agora sobre LIXO não servisse mais em nosso dia-a-dia, virasse INSERVÍVEL, REJEITO e não pudesse ser REUTILIZÁVEL E RECICLADO.
Trago este assunto porque nesta semana assisti a uma matéria interessante no telejornalismo carioca falando sobre a importância de todo o processo de gestão de resíduos sólidos, desde a separação do material (lixo) nas residencias, empresas, comércios,e a continuação do processo com a coleta seletiva , triagem e venda para empresas de reciclagem pelas cooperativas.
Mesmo achando a matéria com muitas informações educativas me deparei com dois conceitos que mostram os conflitos que iniciei este texto.
Primeiramente os cooperados da cooperativa eram denominados RECICLADORES. Este engano já vi em muitos lugares e foi tema das minhas palestras. Explicando melhor RECICLAGEM é um processo feito por industrias recicladoras, sendo assim:
- ao separarmos o material em nossa casa, em nossa escola ou trabalho não fazemos a reciclagem, mas sim, a separação de materiais que podem ser destinados a reciclagem (catadores autônomos ou cooperativas de reciclagem) ou a reutilização (ONGS, bazares, feiras de trocas, enfim doações em geral);
- o trabalho dos catadores autônomos ou em cooperativas é o de fazer a COLETA SELETIVA nos locais destinados, TRIAR ou separar cada tipo de material que tem alta RECICLABILIDADE, enfardar cada material e DESTINAR à empresas recicladoras relacionada ao tipo de material. Sendo assim, eles não são recicladores, e sim, agentes ambientais.
- os recicladores são empresas.
Outra informação dada que não concordo é de que toda embalagem é reciclável, pois para ser reciclável deve haver tecnologia especifica de reciclagem para aquele tipo de embalagem, e infelizmente o Brasil está aquém de outros países mais evoluídos neste quesito.
Muitas vezes as embalagens até possuem o simbolo de reciclável, mas na prática não tem reciclabilidade.Isso acontece por vários motivos, dentre eles: quando a reciclagem é um processo caro, sendo a coleta difícil ou com custo alto, ou quando as tecnologias disponíveis não permitem o reaproveitamento dos materiais em larga escala, ou a reciclagem sai mais cara do que produzir com matéria-prima virgem e até impacta o meio ambiente em maiores proporções.
Vc já ouviu falar em RECICLABILIDADE ?
É a capacidade que um material ou produto tem de ser reciclado. Um resíduo reciclável pode não ter reciclabilidade. Materiais sem reciclabilidade não trazem benefícios financeiros ou socioambientais nem para empresas nem para a coletividade.
Quando a reciclabilidade está presente, resíduos passam a ser vistos como matéria-prima com potencial de gerar valor, tanto financeiro como socioambiental para todos os integrantes da cadeia de produção e de utilização do produto.
Informações recentes sobre o processo de reciclagem no Brasil podemos ver na matéria do site Ideia sustentável de abril/ 2024, na qual destaco os trecho abaixo:
Um dos materiais com mais reciclabilidade é o alumínio. Um estudo do Instituto Internacional do Alumínio (IAI, na sigla em inglês), comparando embalagens não-retornáveis de bebida, observou que 71% das latas de alumínio são recicladas – contra 40% das garrafas PET e 34% das garrafas de vidro.
“2 em cada 3 latas de alumínio são recicladas, sendo que uma volta às prateleiras em menos de 60 dias, enquanto a outra é transformada em diversos produtos recicláveis.”
A eficiência do processo de reciclagem também é mais alta quando se trata do alumínio. Quando uma latinha é recolhida para reciclagem 90% do material é aproveitado. Ou seja, somente 10% se perde ao longo das etapas de classificação, reprocessamento e refusão. No caso de embalagens PET e de vidro, 34% e 33% se perdem no processo de reciclagem, respectivamente.
A reciclabilidade destacada do alumínio também aparece em outras etapas do processo. O índice de coleta (porcentagem das latas que são recolhidas para reciclagem) é de 79% contra 61% do PET e 51% do vidro. Além disso, 36% do alumínio das latas é reaproveitado para a fabricação de outros produtos, contra somente 1% do PET e zero do vidro.
Por fim, quando se trata do uso do material coletado para o mesmo fim (reciclagem em circuito fechado), 33% do alumínio das latas gera outra lata. No caso do vidro e do PET, apenas 20% e 7% do que é coletado volta a ser empregado na fabricação de garrafas.
Para fechar essa matéria super indico um vídeo que assisti hoje do Canal Todo Dia (@CienciaTodoDia e @Pedroloos) bem feito sobre este assunto com destaque ao " lixo " eletrônico com muitas informações importantes e claras, um exemplo de como deve ser a Educação Ambiental
Parabéns pela pesquisa e pela forma elucidativa e atraente em passar este conteúdo!
Pensar Eco quer saber:
Vc separa o seu "lixo" e o destina corretamente? Se não , qual é o motivo?
Fontes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pensar Eco agradece sua visita!
Comente, sugira, critique, enfim, participe!!! Isso é muito importante!
Abs,
Érica Sena
Pensar Eco