terça-feira, 5 de outubro de 2010

O lixo é responsabilidade de quem?


Cada vez fico mais horrorizada em encontrar nos trajetos que faço: a pé, de ônibus ou de carro, lixo de todas as origens e gostos. Parece-me que as pessoas se livram do que lhe atrapalha onde “der na telha”: na rua, pelas janelas de automóveis, nos terrenos baldios e nos córregos. Será que, alem de não estarmos evoluindo no quesito educação ambiental, estamos voltando no tempo, onde despejavam os penicos sujo na frente da casa? Isso aconteceu no começo da urbanização, onde não se tinha noção de saúde publica e ambiental, e mesmo assim foi proibida por aumentar as doenças. Atualmente, campanhas em todas as mídias informam sobre isso, e o fato de não cumprir significa estar alienado ao mundo, não enxergando nada além do seu umbigo.

Muito pior do que as pessoas que pecam por suas atitudes erradas, por não terem informação, são aquelas que entraram em contato com a informação e não absorveram e continuam vivendo de modo igual. Isso me entristece, pois como educadora, sinto que a maioria dos alunos das escolas não absorve nada e tende a crescer na mesma alienação encontrada na família. Sei que é difícil mudar paradigmas, mas sei que deve existir um jeito de sensibilizar a população alienada ao mundo externo. É necessário, alem de reciclar nosso lixo, reciclar nossas atitudes! É tempo de mudança!

 Lixo, palavra de origem do latim (lix= cinza), é todo qualquer resíduo sólido gerado pelas atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações urbanas. É considerado um dos principais problemas das cidades do mundo, pois além de ocupar muito espaço na sua destinação, é responsável pela proliferação de vetores de doenças, produção de metano (gás do efeito estufa e inflamável), odor forte, enchentes e enfeiamento da paisagem.

 A sociedade, diferente das indústrias, não se responsabiliza pela geração e destinação do seu lixo. Sendo assim, a partir do momento que o coloca em sua calçada ou joga irresponsavelmente em algum local público, não lhe pertence mais.  Será que as pessoas só aprenderão isso, do mesmo modo que as indústrias, através de leis com multas altíssimas para àqueles que não derem uma destinação correta ao seu lixo? Sou a favor de aplicações de penas, das taxas de lixo, pois seria um modo de impor essa mudança de atitude.
Os primeiros passos foram dados, já que depois de tantos anos a Política Nacional de Resíduos Sólidos se faz presente, e com isso uma chance de resolver a problemática de destinação correta do lixo.

Por mais que falte um gerenciamento adequado ao resíduo em nossa cidade, não podemos jogar toda a responsabilidade para o governo, pois quem joga o lixo em locais inadequados são os moradores, e pequenos comércios mal informados.

A grande pergunta que pode ser feita é de como transformar a sociedade diante deste quadro impactante e prejudicial? Bem, teoricamente é fácil responder, mas na prática não tanto. O grande responsável pelo acumulo de lixo é o ato de consumir de maneira exagerada, e qualificar o produto pela riqueza de sua embalagem, e não pelo produto em si. Pagamos sem notar por essa embalagem atraente que acabará ocupando os aterros sanitários. Se ao menos parassem no lixo reciclável, mas a minoria da população faz a coleta seletiva.
Conclui-se que para diminuir a geração de lixo é necessário ser um consumidor consciente que faz uso do conceito dos 5 R`s: repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar. Você se considera um? Eu, por conta própria colocaria mais um R-o de Reclamar em locais certos e com argumentação.

Segundo dados, a cidade de São Paulo produz mais de 12.000 toneladas de lixo por dia, com este lixo, em uma semana dá para encher um estádio para 80.000 pessoas, sendo apenas 1% reciclado. O que mostra que muita coisa tem que ser mudada em nosso modo de vida capitalista doentio.

Região Noroeste    
                                                                                          
Confesso que ao fazer essa matéria percebi que a região Noroeste tem para nos oferecer em relação à destinação do lixo, mais do que imaginava. Aqui existem várias cooperativas que desenvolvem atividades socioambientais que recolhem o lixo reciclável convencional, além do óleo de cozinha usado, isopor; têm dois ecopontos e coleta de lixo regularmente. Por que tanto problema então?
Sei que existem falhas no que se refere aos órgãos públicos, mas o que nos impede de melhorar essa situação caótica são três coisas: falta de informação dos moradores para reclamarem nos locais certos; falta de educação de muitos que ainda não se tornaram cidadãos conscientes; e o pior de todos: acomodação da maioria, já que é mais fácil jogar a culpa do problema no vizinho, nas indústrias, no governo, do que fazer sua parte.
Por exemplo, todos os órgãos públicos têm sites, telefones para que todos possam se informar e reclamar, você sabia?Em nossa região a empresa responsável pela limpeza e recolhimento do lixo é a LOGA Logística Ambiental (http://www.loga.com.br/). Nesse site você encontra espaço para informações sobre coleta de lixo, educação ambiental e reclamações. Isso também ocorre nas subprefeituras, na Sabesp, na Eletropaulo. Cabe a sociedade se informar e reclamar quando se sentir lesada. É um dever nosso cuidar de onde vivemos!
Eu mesma percebi que moradores estavam jogando lixo num terreno perto de casa e resolvi reclamar para a Sub-Prefeitura. Tirei foto e relatei o ocorrido, dias depois foram lá limpar. Temos que ir atrás!
Na região de Pirituba a Cooperativa de reciclagem Crescer desenvolve um ótimo trabalho. Segundo seu responsável Jair do Amaral, apenas na região de Pirituba são recicladas seis toneladas de lixo por dia. Acho que estamos no caminho certo! Leia a entrevista feita no final da matéria.

Os Ecopontos são locais para descarte de resíduos da construção civil: desde cimento, entulho, tijolos, restos de azulejos e madeiras com limite de até 1 m³ por pessoa ao dia. É sempre bom saber, caso precise.

Na região de Pirituba, Jaraguá e São Domingos existem dois que funcionam de segunda a sábado das 8h às 18h nos seguintes endereços:
·         R Cônego José Salomon, nº 861 – Vila Bonilha 3992-6475
·         R Vigário Godói, nº 555 – Vila Zatt  3993-1786
 Contatos para informações:
·         Cooperativa Crescer- R. Joaquim Oliveira Freitas, 325(Pirituba) -3902.3822
·         Coopercicla- R. João B Dias, 97- Jd Marilu- (Taipas)  3928-4524
·          Cooperação- Av. Emb. Macedo Soares, 600-(Vl Leopoldina) 3836-9043
·          Disque-Limpeza (LIMPURB) das 8h às 18h -0800-727.0211 (gratuito).
·         LOGA- 0800-770-1111 (http://www.loga.com.br/)

 

Entrevista feita por Érica Sena  com Jair do Amaral, responsável pela Cooperativa Crescer  por email

 Pensareco- Como surgiu a Cooperativa CRESCER?

Jair- A cooperativa Crescer, conveniada à Limpurb, foi formada por ex-catadores, moradores de comunidades carentes e representantes de uma ONG da região. Isso ocorreu em abril de 2006, quando assumimos o galpão, que já servia para esse fim e reformamos
toda sua estrutura realizamos manutenção em todos os equipamentos quebrados e sem funcionamento, e só assim reiniciamos os trabalhos de coleta, triagem, prensagem e comercialização de materiais recicláveis. Hoje ela é referência dentre as demais cooperativas participantes do Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura e possui 44 cooperados, no qual possuem renda média bruta de R$ 650,00.

Pensareco- Quais são as preocupações socioambientais que a cooperativa Crescer desenvolve?
Jair- Nós visamos promover a valorização social, incentivar o aumento na rentabilidade das populações de baixa renda, contribuir para o resgate da cidadania e melhoria da qualidade de vida dos cooperados e seus familiares. Já na área ambiental queremos minimizar os impactos ambientais na disposição final de resíduos sólidos, sensibilizar a população para a importância da reciclagem e reduzir o volume de lixo coletado a ser encaminhado pela municipalidade aos aterros sanitários.

Pensareco- Quais foram às principais atividades desenvolvidas pela Cooperativa?
Jair--  Nós desenvolvemos ao longo desse tempo várias atividades que nos tornaram referência para outras cooperativas:
·         Organização, planejamento e execução de coleta seletiva em grandes eventos: X Feira de Artes de Pirituba, Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e Carnaval no Sambódromo do Anhembi, Higiexpo, Feira de Artes de Pompéia e Feira de Artes de Vl Madalena, Skol Bits, entre outros
·         Além de coleta em condomínios, empresas, indústrias, escolas e coleta porta a porta em residências;
·            triagem, prensagem e comercialização dos materiais coletados;
·         palestra informativa para implantação de coleta seletiva em escolas e empresas (terceirizado) e,
·         realização de oficinas e atividades práticas voltadas para a cultura em reciclagem e educação ambiental em escolas, condomínios, empresas e eventos.

Pensareco- Você poderia nos fornecer dados sobre a coleta seletiva na região de Pirituba?
Jair- Tenho alguns dados comparativos que mostram que estamos no caminho certo, mesmo sabendo que temos muito que aprimorar.

Ruas atendidas: De 35 em 2006 para 385 em 2010
Quantidade mensal de Material Coletado porta a porta: De 7.000 kg em 2006 para 75.421 kg em 2010
Quantidade de Cooperados: De 22 em 2006 para 44 em 2010
Material recebido da concessionária: De 32.280 kg em 2006 para 80.833 kg em 2010

 Pensareco- Quais são os planos da Cooperativa Crescer para o futuro?

Jair - Já somos responsáveis pelo recolhimento de recicláveis em Pirituba e região. Agora planejamos até o final de 2011 iniciar a coleta em 5 regiões da Freguesia do O e ampliar o atendimento em Pirituba para 100% do bairro.
 Também estamos realizando o recolhimento de cupons fiscais para angariar recursos para um Hospital de atendimento gratuito de retaguarda para portadores de câncer que reverterá parte em material informativo de coleta seletiva.  
                                      Fotos da equipe da Cooperativa Crescer

Agora basta partirmos para ação! Temos locais especializados para isso, onde podemos procurar. Sei que não basta, o importante é que cada um: rico ou pobre; ambientalista ou não; criança ou adulto façam sua parte através dos 5 R´s e vejam que a felicidade não se resume em ter, mas sim em ser uma pessoa responsável e grata por estar nesse planeta. 

 Érica Sena- Agosto/10


Obs: Esta matéria foi feita por mim para ser matéria do Jornal Folha Noroeste do mês passado, mas não foi publicada e por isso estou publicando-a em 1º mão em meu blog.

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