Cada vez fico
mais horrorizada em encontrar nos trajetos que faço: a pé, de ônibus ou de carro,
lixo de todas as origens e gostos. Parece-me que as pessoas se livram do que
lhe atrapalha onde “der na telha”: na rua, pelas janelas de automóveis, nos
terrenos baldios e nos córregos. Será que, alem de não estarmos evoluindo no
quesito educação ambiental, estamos voltando no tempo, onde despejavam os
penicos sujo na frente da casa? Isso aconteceu no começo da urbanização, onde
não se tinha noção de saúde publica e ambiental, e mesmo assim foi proibida por
aumentar as doenças. Atualmente, campanhas em todas as mídias informam sobre
isso, e o fato de não cumprir significa estar alienado ao mundo, não enxergando
nada além do seu umbigo.
Muito pior do
que as pessoas que pecam por suas atitudes erradas, por não terem informação,
são aquelas que entraram em contato com a informação e não absorveram e
continuam vivendo de modo igual. Isso me entristece, pois como educadora, sinto
que a maioria dos alunos das escolas não absorve nada e tende a crescer na
mesma alienação encontrada na família. Sei que é difícil mudar paradigmas, mas
sei que deve existir um jeito de sensibilizar a população alienada ao mundo
externo. É necessário, alem de reciclar nosso lixo, reciclar nossas atitudes! É
tempo de mudança!
Lixo, palavra de origem do latim (lix= cinza), é todo qualquer resíduo
sólido gerado pelas atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações
urbanas. É considerado um dos principais problemas das cidades do mundo, pois
além de ocupar muito espaço na sua destinação, é responsável pela proliferação
de vetores de doenças, produção de metano (gás do efeito estufa e inflamável),
odor forte, enchentes e enfeiamento da paisagem.
A sociedade, diferente das indústrias, não se
responsabiliza pela geração e destinação do seu lixo. Sendo assim, a partir do
momento que o coloca em sua calçada ou joga irresponsavelmente em algum local
público, não lhe pertence mais. Será que
as pessoas só aprenderão isso, do mesmo modo que as indústrias, através de leis
com multas altíssimas para àqueles que não derem uma destinação correta ao seu
lixo? Sou a favor de aplicações de penas, das taxas de lixo, pois seria um modo
de impor essa mudança de atitude.
Os primeiros
passos foram dados, já que depois de tantos anos a Política Nacional de Resíduos
Sólidos se faz presente, e com isso uma chance de resolver a problemática de
destinação correta do lixo.
Por mais que
falte um gerenciamento adequado ao resíduo em nossa cidade, não podemos jogar
toda a responsabilidade para o governo, pois quem joga o lixo em locais inadequados
são os moradores, e pequenos comércios mal informados.
A grande
pergunta que pode ser feita é de como transformar a sociedade diante deste
quadro impactante e prejudicial? Bem, teoricamente é fácil responder, mas na
prática não tanto. O grande responsável pelo acumulo de lixo é o ato de
consumir de maneira exagerada, e qualificar o produto pela riqueza de sua
embalagem, e não pelo produto em si. Pagamos sem notar por essa embalagem
atraente que acabará ocupando os aterros sanitários. Se ao menos parassem no
lixo reciclável, mas a minoria da população faz a coleta seletiva.
Conclui-se que
para diminuir a geração de lixo é necessário ser um consumidor consciente que
faz uso do conceito dos 5 R`s: repensar, reduzir, recusar, reutilizar e
reciclar. Você se considera um? Eu, por conta própria colocaria mais um R-o de
Reclamar em locais certos e com argumentação.
Segundo
dados, a cidade de São Paulo produz mais de 12.000 toneladas de lixo por dia,
com este lixo, em uma semana dá para encher um estádio para 80.000 pessoas, sendo
apenas 1% reciclado. O que mostra que muita coisa tem que ser mudada em nosso
modo de vida capitalista doentio.
Região Noroeste
Confesso que
ao fazer essa matéria percebi que a região Noroeste tem para nos oferecer em
relação à destinação do lixo, mais do que imaginava. Aqui existem várias cooperativas
que desenvolvem atividades socioambientais que recolhem o lixo reciclável convencional,
além do óleo de cozinha usado, isopor; têm dois ecopontos e coleta de lixo
regularmente. Por que tanto problema então?
Sei que
existem falhas no que se refere aos órgãos públicos, mas o que nos impede de
melhorar essa situação caótica são três coisas: falta de informação dos
moradores para reclamarem nos locais certos; falta de educação de muitos que
ainda não se tornaram cidadãos conscientes; e o pior de todos: acomodação da
maioria, já que é mais fácil jogar a culpa do problema no vizinho, nas
indústrias, no governo, do que fazer sua parte.
Por exemplo, todos
os órgãos públicos têm sites, telefones para que todos possam se informar e
reclamar, você sabia?Em nossa região a empresa responsável pela limpeza e
recolhimento do lixo é a LOGA Logística Ambiental (http://www.loga.com.br/). Nesse site você encontra espaço
para informações sobre coleta de lixo, educação ambiental e reclamações. Isso
também ocorre nas subprefeituras, na Sabesp, na Eletropaulo. Cabe a sociedade
se informar e reclamar quando se sentir lesada. É um dever nosso cuidar de onde
vivemos!
Eu mesma percebi
que moradores estavam jogando lixo num terreno perto de casa e resolvi reclamar
para a Sub-Prefeitura. Tirei foto e relatei o ocorrido, dias depois foram lá
limpar. Temos que ir atrás!
Na região de
Pirituba a Cooperativa de reciclagem Crescer desenvolve um ótimo trabalho.
Segundo seu responsável Jair do Amaral, apenas na região de Pirituba são
recicladas seis toneladas de lixo por dia. Acho que estamos no caminho certo! Leia a entrevista feita no final da
matéria.
Os Ecopontos
são locais para descarte de resíduos da construção civil: desde cimento,
entulho, tijolos, restos de azulejos e madeiras com limite de até 1 m³ por
pessoa ao dia. É sempre bom saber, caso precise.
Na região de Pirituba, Jaraguá
e São Domingos existem dois que funcionam de segunda a sábado das 8h às 18h nos
seguintes endereços:
·
R Cônego José Salomon,
nº 861 – Vila Bonilha 3992-6475
·
R Vigário Godói, nº 555 – Vila Zatt 3993-1786
Contatos para informações:
·
Cooperativa Crescer- R. Joaquim Oliveira
Freitas, 325(Pirituba) -3902.3822
·
Coopercicla- R. João B Dias, 97-
Jd Marilu- (Taipas) 3928-4524
·
Cooperação- Av. Emb. Macedo Soares, 600-(Vl
Leopoldina) 3836-9043
·
Disque-Limpeza (LIMPURB) das 8h às 18h -0800-727.0211
(gratuito).
Entrevista
feita por Érica Sena com Jair do Amaral, responsável
pela Cooperativa Crescer por email
Pensareco- Como
surgiu a Cooperativa CRESCER?
Jair- A cooperativa Crescer, conveniada à Limpurb,
foi formada por
ex-catadores, moradores de comunidades carentes e representantes de uma ONG da
região. Isso ocorreu em abril de 2006, quando assumimos o galpão, que já servia
para esse fim e reformamos
toda sua
estrutura realizamos manutenção em todos os equipamentos quebrados e sem
funcionamento, e só assim reiniciamos os trabalhos de coleta, triagem,
prensagem e comercialização de materiais recicláveis. Hoje ela é referência
dentre as demais cooperativas participantes do Programa de Coleta Seletiva da
Prefeitura e possui 44 cooperados, no qual possuem renda média bruta de R$
650,00.
Pensareco- Quais
são as preocupações socioambientais que a cooperativa Crescer desenvolve?
Jair- Nós visamos promover a valorização social,
incentivar o aumento na rentabilidade das populações de baixa renda, contribuir
para o resgate da cidadania e melhoria da qualidade de vida dos cooperados e
seus familiares. Já na área ambiental queremos minimizar os impactos ambientais
na disposição final de resíduos sólidos, sensibilizar a população para a
importância da reciclagem e reduzir o volume de lixo coletado a ser encaminhado
pela municipalidade aos aterros sanitários.
Pensareco- Quais
foram às principais atividades desenvolvidas pela Cooperativa?
Jair-- Nós desenvolvemos ao longo desse
tempo várias atividades que nos tornaram referência para outras cooperativas:
·
Organização,
planejamento e execução de coleta seletiva em grandes eventos: X Feira de Artes
de Pirituba, Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e Carnaval no Sambódromo do
Anhembi, Higiexpo, Feira de Artes de Pompéia e Feira de Artes de Vl Madalena,
Skol Bits, entre outros
·
Além de coleta
em condomínios, empresas, indústrias, escolas e coleta porta a porta em
residências;
·
triagem, prensagem e comercialização dos materiais coletados;
·
palestra
informativa para implantação de coleta seletiva em escolas e empresas (terceirizado)
e,
·
realização
de oficinas e atividades práticas voltadas para a cultura em reciclagem e
educação ambiental em escolas, condomínios, empresas e eventos.
Pensareco- Você
poderia nos fornecer dados sobre a coleta seletiva na região de Pirituba?
Jair-
Tenho alguns dados comparativos que mostram que estamos no caminho certo, mesmo
sabendo que temos muito que aprimorar.
Ruas
atendidas: De 35 em 2006 para 385 em
2010
Quantidade
mensal de Material Coletado porta a porta: De 7.000 kg em 2006 para 75.421 kg em 2010
Quantidade
de Cooperados: De 22 em 2006 para 44
em 2010
Material
recebido da concessionária: De 32.280 kg em 2006 para 80.833 kg em 2010
Pensareco- Quais
são os planos da Cooperativa Crescer para o futuro?
Jair - Já somos responsáveis pelo recolhimento de
recicláveis em Pirituba e região. Agora planejamos até o final de 2011 iniciar
a coleta em 5 regiões da Freguesia do O e ampliar o atendimento em Pirituba
para 100% do bairro.
Também estamos realizando o
recolhimento de cupons fiscais para angariar recursos para um Hospital de
atendimento gratuito de retaguarda para portadores de câncer que reverterá
parte em material informativo de coleta seletiva.
Fotos da equipe da Cooperativa Crescer
Agora basta
partirmos para ação! Temos locais especializados para isso, onde podemos
procurar. Sei que não basta, o importante é que cada um: rico ou pobre;
ambientalista ou não; criança ou adulto façam sua parte através dos 5 R´s e
vejam que a felicidade não se resume em ter, mas sim em ser uma pessoa
responsável e grata por estar nesse planeta.
Érica Sena- Agosto/10
Obs: Esta matéria foi feita por mim para ser matéria do Jornal Folha Noroeste do mês passado, mas não foi publicada e por isso estou publicando-a em 1º mão em meu blog.
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