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terça-feira, 10 de novembro de 2009

O consumismo inconsciente das crianças

  A prática social, através dos aparelhos ideológicos, carrega em si a desconstrução de um modelo de representação de valores e poder em cima das classes menos favorecidas.(...)

  A propaganda possui um discurso persuasivo, tentando manipular as pessoas, nesse caso as crianças, para comprarem um estilo de vida além de sua realidade.
  Atualmente é nítido o desinteresse das crianças por aquilo que lhes seria genuíno; O brincar passa a ser um hábito e o consumo exibicionista chega ao ápice da diversão..(...)

 A televisão é um meio em que a publicidade mais atinge as crianças, e a dificuldade dos pais driblarem a sedução dos anúncios voltados para o público infantil gera polêmica.
 Sabe-se que é muito mais fácil fixar um hábito durante a infância, já que é nesta fase que a percepção está sendo estruturada tornando-se também mais difícil modificar algo assimilado nesse período. Hoje, enquanto a criança cresce se estrutura, sua percepção do consumo como o grande prazer, gozo maior que o brincar, o aprender com a experiência, o construir seu conhecimento com o mundo da vida, das relações dialógicas, verdadeiras.(...)

 A garotada aprende que só será reconhecida como parte desse universo, que é o imaginário construído, a partir de um hábito adquirido pelos veículos de comunicação, se adquirir esses produtos. As sensações de “pertencimento”, necessárias para a construção de sua identidade, passam pela incorporação, em seu funcionamento mental, de aspirações homogêneas e do padrão de consumo que as atende.
Precocemente a meninada é induzida a crer que os produtos de grife são sua identidade. Com essas marcas, como segunda pele, elas se sentem poderosas, meninas e meninos se tornam assim, propagandas sem custo, como outdoors ambulantes.
Fantasias de completude, idéias de poder, domínio de ter acesso ao que o outro não pode ter, do que essa criança vale é o que acontece nesta maneira de viver. A vontade fala mais alto que a necessidade.
Para alguns falta o presente, pois em seu mundo mental o objeto de desejo é o ser consumível. Observamos, por exemplo, que em algumas escolas de classe média alta, as crianças já mostram status uma com a outra.
 ...
Dá um basta radical para esses apelos infantis não é a melhor saída. Uma sugestão do Economista Mauro Halfeld e colunista da Revista Época e da Rádio CBN “é fazer um bom acordo com as meninas e os meninos. Usar um desses produtos que eles querem adquirir como recompensa para as missões importantes, como por exemplo, um excelente resultado na escola, ou uma bela arrumação no quarto. Não estabelecer missão fácil e fugir dos prêmios mais caros”. Seria uma ótima opção para acabar com o consumismo exagerado dessa nova geração.
As crianças querem usar roupas de grife, tênis de marca, porque neles estão expressos, embora que simbolicamente, a que meio social pertence, ou que a ele deseja pertencer, tudo isso pautado no consumismo. É como se fosse uma áurea que envolve o produto. Por que nesse jogo de interesse as crianças crescem com um novo pensamento, com novas ideologias, elas deixam de “Ser” para “Ter” e passam a “Ter” para “Ser”.

 Fonte: Mercado Ético,10/11

4 comentários:

  1. Educar é difícil! E hoje em dia os pais são pais muitas vezes por acidente, outras vezes sem vontade, outras vezes apenas porque pela parte do homem é sinal de que é macho, da parte da mulher é sinal de que é fêmea! E também porque ainda há aquela ideia de que só serão realmente uma família se tiverem filhos!
    Enfim... isto de ser pai/mãe só por ser arrasta tudo o que vem a seguir à natalidade. Começa na pouca vontade de educar, que dá trabalho e é necessária paciência. O que é mais fácil hoje em dia? Dar, comprar para calar!
    Deste telemóveis, mp3, mp4, portáteis, consolas de jogos, roupas e calçado de marca, dinheiro para as borgas (festas), enfim tanta maneira fácil que se tem para não se chatearem com as birras dos descendentes!
    O grave disto é que estão a criar umas máquinas consumistas que, vão em rumo oposto. Em vez de estarem a ser educados para uma utilização sustentável e ecológica dos bens que felizmente têm à sua disposição, estão a ser educados para a cultura do consumismo e esbanjamento.
    Assim não dá...

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  2. Provavelmente o problema do consumismo não esteja totalmente na criança, e sim, muitas vezes, nos pais que por terem isso imbutidos neles tendem a passar para seus filhos.
    Pais que não são consumistas e educam os filhos para não serem também, terão crianças não consumista.

    O fato é que as crianças na maioria das vezes reflete as próprias atitudes dos pais.
    Uma das atuais justificativas desse consumismo infantil é que as crianças atuais são rebeldes, não respeitam os pais, são totalmente diferentes das "crianças da sua época" e por isso os pais têm de fazer a vontade delas. Porém alguns pais não percebem que não são apenas os filhos que estão diferentes de antigamente, mas sim eles também. Há alguns anos os filhos concerteza respeitavam mais os seus pais, porém também naquela época os pais eram mais presentes e respeitavam mais os seus filhos; o respeito era mútuo. Porém hoje, com a correria do dia a dia, o pai ou a mãe não estão mais tão presentes e o respeito deixou de existir em ambas as partes.

    Educação. É isso que está faltando para as coisas melhorarem. Não apenas a educação da escola, mas também a educação em casa e com amor.

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  3. Que postagem boa, adorei. Infelizmente esse é o cenário que vemos com nossas crianças. E se vc dizer 'não' pra eles começa uma briga danada...

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  4. Érica
    Tudo dito no seu "post" e nos comentários do Vítor Garcia e de Voz a 0 db!
    Só acrescento que não sei se os adultos não estarão tão permeáveis ao consumismo e à publicidade como as crianças!

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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco

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