segunda-feira, 24 de maio de 2010

Anúncios ‘verdes’ insustentáveis- GREENWASH



São incontáveis as denúncias de produtos que se fazem passar por sustentáveis mas não são (ou pelo menos não totalmente). Há vezes que o barulho da sociedade é tão grande que consegue mover o poder público e provocar a retirada de campanhas publicitárias do ar ou a alteração dos anúncios. 
Verdade Inconveniente entrou em contato com o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), entidade responsável por avaliar o teor das propagandas no Brasil, e mostra algumas das empresas que, por aqui, foram obrigadas a alterar ou suspender a propaganda ‘verde’.




Petrobras:
  Em 17 de abril de 2008, o Conar suspendeu a veiculação de duas campanhas publicitárias da Petrobras para meios impressos e internet ( vídeo ). As propagandas apresentavam a estatal como uma “empresa que respeita o meio ambiente” e “pensa no seu futuro e naqueles que você ama, buscando novas fontes de energia”. O veto do Conar foi motivado por uma ação conjunta de ONGs e entidades governamentais, como as secretarias estaduais de meio ambiente de São Paulo e Minas Gerais, que afirmaram que a postura da Petrobras “não condiz com os esforços para uma atuação social e ambientalmente correta”. As peças davam erroneamente a entender que a estatal contribuía para a qualidade ambiental e o desenvolvimento sustentável do Brasil, de acordo com o Conar. A polêmica se apimentou quando as entidades ambientais disseram que o óleo diesel da Petrobras é um dos mais poluentes do mundo, piorando a qualidade de vida dos brasileiros, e que ela não fez investimentos ou planejamentos que condiziam com as declarações.  Uma semana depois, a estatal recorreu da decisão de suspensão e perdeu novamente.

Monsanto: 
Em setembro de 2005, o Conar entrou com uma representação contra a propaganda para TV “Homenagem da Monsanto do Brasil ao pioneirismo do agricultor gaúcho”. No vídeo da fabricante de transgênicos (e herbicidas), um homem diz ao filho que sente orgulho de saber que os agricultores estão utilizando menos herbicidas e agrotóxicos, protegendo o meio ambiente. Para o Conar, as afirmações davam a entender que o cultivo de soja transgênica preserva o meio ambiente, o que não foi comprovado. A peça publicitária só foi veiculada novamente após algumas alterações: a Monsanto foi obrigada a explicar na propaganda os riscos que envolvem o uso de seu herbicida e também foi advertida para fazer a divulgação apenas em programas dirigidos a agricultores.

Bosch:
  Em dezembro de 2006, a Bosch anunciou em revistas e na internet seu novo refrigerador, o Bosch Space, como  “100% ecológico”, afirmando que o gás usado em sua fabricação era “totalmente inofensivo ao meio ambiente”. O Conar acionou a companhia por dúvidas quanto à veracidade da peça após denúncia da Whirlpool, fabricante rival de eletrodomésticos. A defesa da Bosch disse que a empresa “respeita todas as normas ambientais pertinentes ao seu ramo, podendo ser considerada ecologicamente correta”. Não foi suficiente. O relator recomendou a alteração da expressão “totalmente inofensivo ao ambiente” para se referir ao gás, afirmando que existem impactos em sua utilização, por mais que reduzidos. Já o trecho “100% ecológico” não precisou ser alterado e o Conar arquivou a manifestação.



Cia. de Gás de Minas Gerais (Gasmig): 

Em novembro de 2008, a Gasmig publicou um anúncio com a frase “o gás natural da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) une desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Move indústria, carros, pessoas, tudo sem poluir. Gás natural, invisível e essencial”. O Conar tomou conhecimento da propaganda após a queixa de um consumidor em Belo Horizonte (MG), e acionou a Gasmig. A defesa da empresa alegou que o gás natural emite 80% menos monóxido de carbono do que outros combustíveis, mas reconheceu que isso não deixa o material isento de poluição. A veiculação do comercial foi suspensa e o Conar advertiu a Gasmig para evitar futuros deslizes com materiais publicitários relacionados à natureza.


Shell: 
Este anúncio é o único da nossa lista que não foi feito no Brasil, mas o colocamos aqui como exemplo internacional do poder da sociedade contra a propaganda enganosa. Em novembro de 2007, o órgão britânico de autorregulamentação publicitária, ASA, vetou um anúncio de revistas e jornais da petroleira Shell. A propaganda afirmava que a empresa fornecia CO2 para estufas da Inglaterra incentivarem a produção e crescimento de flores, mas ela só “doava” 0,325% das suas emissões. Em agosto do ano seguinte, a ASA vetou outro anúncio, que dizia que a empresa tinha um projeto “sustentável” nas areias betuminosas do Canadá, e que “um mundo em crescimento necessita de mais energia, mas ao mesmo tempo nós precisamos encontrar novas maneiras de gerir as emissões de carbono para reduzir a mudança climática”.
O problema é que a petroleira, na mesma época, planejava construir a maior refinaria da América do Norte. A organização ambiental WWF afirmou que a extração de petróleo nas areias canadenses era “extremamente ineficiente e destruía a floresta virgem da região”. A Shell disse que a tecnologia reduziu a poluição da área em 60%, mas a ASA manteve o veto, com os argumentos de que o projeto tinha impactos sociais e econômicos enormes, atrapalhava a conservação da água e aumentava a quantidade de lixo e CO2 emitidos.(Felipe Pontes)

Fonte: Revista Galileu, 21/05/10

Um comentário:

  1. Ótima postagem. Importante alerta. Obrigada Érica. Boa semana, beijos ;)

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Abs,
Érica Sena
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