A tentativa de acelerar a votação do projeto de lei da
Política Nacional de Resíduos Sólidos no Senado fracassou durante uma
reunião conjunta de quatro comissões, no dia 9 de junho, por resistência
do senador da oposição Cícero Lucena (PSDB-PB). Apesar de um suposto
acordo para aprovar o texto, Lucena disse que precisava discutir o
projeto separadamente na Comissão do Meio Ambiente do qual é
vice-presidente.
"Peço que o assunto volte a ser debatido
como foi na Câmara", afirmou Lucena durante seu discurso.
Ao final de cerca de 40 minutos de discussão acalorada, o
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Demóstenes
Torres (DEM-GO) resolveu encerrar a reunião conjunta para remarcar
outra.
O encontro fora agendado por um acordo
supostamente costurado pelo relator do projeto na CCJ, Cesar Borges
(PR-BA), que tinha já apresentado o relatório introduzindo mudanças
pontuais no texto já aprovado pela Câmara dos Deputados em março.
“Tudo estava preparado para a aprovação, o que no meu
entendimento seria importante para o país e também uma homenagem à
Semana Mundial do Meio Ambiente, mas de última hora aparece um problema
que ninguém sabe de onde, e que impede, infelizmente, a votação para a
qual havia acordo”, manifestou-se o senador, em sua página no site do
senado.
Na Câmara, desde a última proposta
apresentada pelo governo federal em 2007, o projeto levou três anos para
ser aprovado. Se for levado em conta a primeira proposta, de origem no
Senado Federal, já se passaram 19 anos.
A decisão
de agendar uma nova reunião para discutir o projeto pode resultar em um
adiamento para o final do ano ou para 2011, já que a partir da semana
que vem os senadores começam participar de convenções partidárias em
preparação para eleição cuja campanha começa em julho.
Em contraposição ao senador tucano, o presidente da CCJ,
senador Demóstenes Torres (DEM-GO), garantiu que todas as exigências
regimentais foram obedecidas, que o assunto foi amplamente discutido em
audiência pública e que Lucena não esteve presente na referida audiência
pública.
A decisão do Senado de debater o
assunto contrasta com o posicionamento de vários setores da sociedade
que já discutiram o projeto durante a tramitação na Câmara e já se
posicionaram a favor do texto.
Em uma reunião na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no dia anterior
à votação, o relator do projeto de lei na Câmara dos Deputados, Arnaldo
Jardim (PPS/SP) e os representantes das indústrias paulistas apostavam
na possibilidade de aprovação da legislação por causa da extensa
discussão pela qual já passou.
"Há uma grande
possibilidade do texto ser aprovado pelo Senado", disse Jardim durante a
reunião na Fiesp.
Segundo Jardim, é importante
que o texto não seja mudado no Senado, pois isso resultaria na obrigação
de uma nova apreciação das mudanças pelos deputados. Borges tinha
sugerido algumas remoções no texto, permitido pelo processo legislativo
para evitar o retorno da matéria para a Câmara.
Luciana
Pellegrino, representante da Associação Brasileira das Embalagens
(Abre) afirmou na mesma reunião que a aprovação da política de resíduos
do jeito que está contribuirá para que as embalagens passem a ser
desenvolvidas de forma mais sustentável, com um design que possibilite
um melhor aproveitamento pós consumo, a educação do consumidor e a
revalorização das embalagens, por meio da reciclagem mecânica e
energética.
Na ocasião, o presidente da
Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre),
Diógenes Del Bel disse que a aprovação do projeto permitirá o
alinhamento entre as legislações estaduais e municipais que já existem,
possibilitando que todas tenham um direcionamento para suas ações.
Já Valéria Theodoro Ramos, diretora de comunicação da
Receita Federal defendeu a importância da lei de resíduos para a
formalização da cadeia que conta com muitas cooperativas de catadores
que atuam em um ambiente instável e sem regras claras.
Para ela, a aprovação é essencial para poder
implementar, na regulamentação subsequente, incentivos fiscais
destinados às cadeias produção, incluindo inovação no setor.
A atuação dos senadores entrou em conflito direto com os
interesses do governo federal, que segundo Torres, tinha feito um apelo
pela aprovação da política de resíduos.
"A
ministra do meio ambiente afirmou que é de grande interesse para o
Brasil que essa matéria tivesse um fim, ela queria uma votação rápida,
não percebi motivos da oposição em travar o projeto, fizemos a audiência
publica e a votação", disse o presidente da CCJ, que é senador
oposicionista, nos momentos finais da reunião.
Fonte: Revista Sustentabilidade
http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/Senado-desaponta-e-fracassa-na-tentativa-de-acelerar-aprovacao-da-politica-de-residuos/view
Fonte: Revista Sustentabilidade
http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/Senado-desaponta-e-fracassa-na-tentativa-de-acelerar-aprovacao-da-politica-de-residuos/view
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