sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mudança climática não é desculpa para enchentes

 

 

Para diretora de centro de pesquisas sobre desastres, governos não podem evitar chuvas, mas devem agir para prevenir consequências.

O aumento da incidência de chuvas em consequência das mudanças climáticas globais não pode servir de desculpa para os governos não agirem para evitar enchentes, na avaliação de Debarati Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), de Bruxelas, na Bélgica. 

"Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses (das enchentes no Brasil e na Austrália)", disse ela à BBC Brasil. 

"Dizer que o problema é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema", critica Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública da Universidade de Louvain. 
  
O CRED vem coletando dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos. Guha-Sapir diz que os dados indicam um aumento considerável no número de enchentes na última década, tanto em termos de quantidade de eventos quanto em número de vítimas.
Segundo ela, as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público. 

"Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco", diz, citando como exemplo proteções em margens de rios e a criação de áreas para alagamento (piscinões).
Para a especialista, questões como infraestrutura, ocupação urbana, desenvolvimento das instituições públicas e nível de pobreza e de educação ajudam a explicar a disparidade no número de vítimas entre as enchentes na Austrália e no Brasil. 

"A Austrália é um país com uma infraestrutura melhor, com maior capacidade de alocar recursos e equipamentos para a prevenção e o resgate, com instituições e mecanismos mais democráticos, que conseguem atender a toda a sociedade, incluindo os mais pobres, que estão em áreas de mais risco", afirma. 

Para ela, outro fator que tem impacto sobre o número de mortes é o nível de educação da população. "Pessoas mais educadas estão mais conscientes dos riscos e têm mais possibilidades de adotar ações apropriadas", diz, 

Apesar disso, ela observa que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. "Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir à responsabilidade", afirma.   BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 

Fonte: Estado de SP-13/01

3 comentários:

  1. Eu concordo com a idéia principal do artigo, o problema das catástrofes é ocasionado por vários fatores. Naturalmente o excesso de chuvas em algumas partes do mundo é um fato, porém a forma irracional da superpopulação se instalar em lugares inapropriados, juntamente com hábitos como fazer de suas ruas lixeiras gigantes, entre outros fatores, fazem juntamente o estrago que estamos nos acostumando a ver frequentemente.

    Ricardo Silva
    http://bioconsciente.blogspot.com/

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  2. olá érica, obrigado pela parceria, ja adicionei seu banner no meu blog e continue com esse trabalho maravilhoso.

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  3. Apoiado Érica!

    Aliás, o facto de sabermos de antemão os riscos acrescidos de catástrofes naturais secundários ao aquecimento global, devia ser o suficiente para nos precavermos minimamente!
    Se fosse na Idade Média, haveria desculpa pela ignorância e falta de recursos, mas hoje em dia...

    Aqui em Portugal começamos a ter tornados, algo que eu nunca tinha ouvido falar nem li em livros de história, mas já se sabe que vão começar a ser mais frequentes; mas ainda estou para ver medidas tomadas para lidar com elas, pois ainda nem as vítimas do 1º receberam ajuda oficial!

    Se querem estar à frente dos destinos do país, lembrem-se que o paíse são as pessoas!!!

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Abs,
Érica Sena
Pensar Eco

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