A sessão de lançamento de O veneno está na mesa foi aclamada
por cerca de 800 pessoas que lotaram o teatro Casa Grande, no Rio de
Janeiro, na última segunda (25).
O novo documentário do cineasta Silvio
Tendler explora as mazelas humanas e ambientais decorrentes do fato de o
Brasil ser o maior consumidor mundial de agrotóxicos.
Realizado com o apoio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, da Fiocruz, o filme recupera as origens da revolução verde
para apresentar a lógica insustentável do modelo agrícola que deu ao
país esse título difícil de ostentar. Aqui o destaque vai para grandes
multinacionais da química, que viram na agricultura o mercado perfeito
para substituir o uso bélico do agente laranja, napalm e outros.
A atualidade urgente do tema é retratada a partir de um recorte de
reportagens exibidas recentemente em emissoras nacionais e regionais de
TV e de rádio. Do Rio Grande do Sul ao Ceará, passando pelo Mato Grosso e
Espírito Santo, o que se vê é que o discurso das safras recordes ou da
sustentação da balança comercial não mais dá conta de esconder seu lado
nefasto.
Os principais especialistas em saúde ambiental e toxicologia
trazem casos e dados dos prejuízos causados por um modelo de agricultura
que não cresce sem agrotóxicos, e que hoje, em claros sinais de
saturação, usa mais agrotóxicos do que cresce. Contudo, está no ar uma
nova investida de marketing que diz que é esse “o Brasil que cresce
forte e saudável”.
Mas a agricultura orgânica não daria conta de alimentar a população,
dizem. Se a agricultura orgânica for entendida como aquela em que se
tira a química e pronto, isto é fato, conforme resume Ana Maria
Primavesi, referência mundial em manejo ecológico dos solos. Porém, se o
solo for vivo e alimentado para sustentar grande diversidade de
organismos, este produzirá plantas saudáveis, em quantidade, ao mesmo
tempo que dispensará os agrotóxicos. A conclusão de Primavesi, que
também é produtora, é confirmada na prática pelo depoimento do
agricultor do interior paulista que tira 15 toneladas de alimentos por
ano de cada um dos 20 hectares que cultiva sem venenos e adubos
químicos. Do Rio Grande do Sul vem o exemplo do produtor familiar que
recriou sua própria semente de milho crioulo após ter perdido as
variedades tradicionais que cultivava, substituídas pelas híbridas.
Esse caminho cada vez mais confirma sua viabilidade. Faltam agora as
políticas certas que farão crescer a agricultura que vai tirar o veneno
da mesa.
(AS-PTA)
Fonte: Mercado Ético, 28/07
Ana Maria Primavesi ( eu a conheci pessoalmente e tirei essa foto): grande mulher! |
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Érica Sena
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