terça-feira, 9 de agosto de 2011

Biodiversidade cai mesmo com mais áreas de preservação

As cerca de 100 mil áreas protegidas no mundo estão sendo insuficientes para evitar a maior taxa de extinção de espécies dos últimos 500 milhões de anos, afirma estudo que recomenda outras ações para defesa dos ecossistemas

Atualmente, mais de 19 milhões de quilômetros quadrados de terras e 2,5 milhões de quilômetros quadrados de oceanos são dedicados a preservar habitats e ecossistemas. 


 Pode parecer muito, mas corresponde a apenas 5,8% das terras e 0,08% dos mares do mundo, respectivamente. 

Mas a pior noticia é que, segundo uma nova pesquisa, toda essa área de preservação não está conseguindo evitar a perda de biodiversidade na Terra.




O relatório, de autoria de Camilo Mora e Peter Sale, publicado no periódico Marine Ecology Progress Series, aponta que, nos últimos 50 anos, o número de áreas preservadas cresceu e chega hoje a mais de 100 mil. No entanto, esse aumento não está sendo suficiente para impedir a extinção de espécies, que é a maior dos últimos 500 milhões de anos.

“A rede global de áreas protegidas é uma grande conquista, e o ritmo na qual foi alcançada é impressionante. Áreas protegidas são ferramentas de conservação muito úteis, mas infelizmente, a rápida taxa de perda de biodiversidade indica a necessidade de reavaliar a nossa forte dependência dessa estratégia”, sugere Sale, que é diretor assistente do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas no Canadá.

Isso não significa, porém, que os autores sejam contra as áreas de proteção.

“Não estamos dizendo que não deveríamos proteger as áreas – o problema é que estamos investindo todo nosso capital humano nelas. Estamos colocando todos os nossos ovos em uma cesta, o que é perigoso; mas ainda mais perigoso é que há um buraco no fundo da cesta”, alerta Mora, que é cientista da Universidade do Havaí em Manoa.

Para Mora e Sale, o problema é apostar apenas nas áreas de proteção. “Áreas protegidas, como são geralmente implementadas, só podem proteger da sobre-exploração, da destruição de habitats devido à exploração e de outras ações humanas diretas dentro de suas fronteiras. Elas são uma ferramenta para regular o acesso e extração humanos”, explica Sale. Ele diz que as áreas preservadas deveriam atingir ao menos 10% do total de terras para serem eficientes.

“A forte defesa para o uso de áreas protegidas como uma ferramenta para a gestão da biodiversidade não é suficiente. Focar-se nas áreas protegidas como a única ferramenta que precisamos é lamentavelmente inadequado”, acrescenta ele. Até porque, segundo o estudo, estas áreas apresentam muitos problemas, como a falta de recursos e territórios reduzidos, o que faz com que muitas vezes elas não sejam eficazes na conservação de espécies.

Bettina Saier, diretora do programa de oceanos do WWF, concorda que apenas o uso de áreas de preservação não é a saída para a perda da biodiversidade. De acordo com ela, o WWF, por exemplo, conta “com um conjunto de ferramentas de conservação. Áreas marinhas protegidas são apenas parte da solução e só funcionam em combinação com outras ferramentas”.

Os autores apontam também alguns aspectos causadores da extinção de espécies que não podem ser resolvidos com a implementação de áreas preservadas. “A perda de biodiversidade também é causada pela poluição, pela chegada de espécies invasoras, pela decisão de converter habitats para outros usos – fazendas, vilas, cidades – e por vários componentes das mudanças climáticas. Nenhum desses é mitigado pela criação de áreas protegidas, exceto, possivelmente, a remoção do habitat para outros usos”, esclarece Sale. 

Para eles, é necessário concentrar os esforços para a preservação das espécies em outras ferramentas além das áreas de proteção. “O problema é maior para que possamos resolver com áreas protegidas – mesmo quando elas funcionam sob as melhores condições. [...] Nossa sugestão é que deveriam redirecionar alguns desses recursos para lidar com soluções definitivas”, afirma Mora.

O relatório indica que um dos maiores agravadores do alto índice de extinção é o grande crescimento da população humana, sobretudo no século XX. “O aumento explosivo da população humana mundial no ultimo século levou a uma demanda crescente dos recursos ecológicos da Terra e a um rápido declínio na biodiversidade”.

De acordo com estimativas recentes, seria necessário cerca de 1,2 planeta para sustentar as diferentes demandas das 5,9 bilhões de pessoas que viviam na Terra em 1999. Esse ‘excesso’ ou ‘superação’ no uso dos recursos da Terra é possível porque os recursos podem ser colhidos mais rapidamente do que podem ser repostos e porque resíduos podem se acumular”, explica o documento. Nesse ritmo, em 2050 será necessário 27 Terras para sustentar nosso consumo.

Mora e Sale acreditam que “temos que olhar diretamente para quantas pessoas há e quantos bens e serviços elas usam. Esse é o problema que tem que ser tratado e se não lidarmos com ele, criar mais áreas protegidas simplesmente não vai fazer o que as pessoas estão alegando que deveria fazer”.

Segundo os autores, além desse aumento ser um problema para a biodiversidade, ele também trará problemas para outras esferas da vida, sobretudo da humana.

“Além do crescimento contínuo ser ecologicamente insustentável, os efeitos econômicos negativos do aumento da população precisam de mais reconhecimento”. “Sou da Colômbia e me impressiona que alguns governos em países emergentes paguem às mulheres para terem mais filhos”, lembra Mora.

Sale adverte ainda que embora não haja uma solução precisa para a redução da biodiversidade, atitudes para reduzir ou acabar com este problema devem ser tomadas logo, antes que a situação se torne insustentável. “Eu não tenho uma solução – eu lutei por algum tempo tentando pensar qual é a forma de fazer as pessoas perceberem o quão importante isso é – mas se não a encontrarmos logo, o futuro será muito triste”.

“Estamos falando em perder 50% das espécies até a metade do século – isso é mais rápido do que qualquer evento de extinção em massa anterior – e qualquer um que pense que podemos passar por uma extinção em massa e ficar perfeitamente bem está apenas se iludindo. [...] Temos que reconhecer que estamos forçando os limites estabelecidos pela maneira como a biosfera funciona. A perda de biodiversidade é um sinal disso”, lamenta ele.

Mora e Sale creem que o que nos resta tomar medidas para controlar o aumento da população e repensar o consumo. “Em nossa opinião, o único cenário para atingir a sustentabilidade [...] exigirá um esforço combinado para reduzir o crescimento da população humana e do consumo e simultaneamente aumentar a biocapacidade da Terra através da tecnologia para aumentar a produtividade agrícola e da aqüicultura”( Jéssica Lipinski )

Fonte: Instituto CarbonoBrasil- 05/08

O correto seria não impactar os biomas, e tentar usá-los do modo mais sustentável possível, mas diante de tudo que vemos acontecer, é uma tarefa para lá de utópica.
 ESPERO ESTAR ERRADA!!
         Érica Sena

Um comentário:

  1. Pelos Açores Zona Livre de Transgénicos, se quiserem enviar e divulgar o texto abaixo:

    (tambem existe uma petiçao online http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N9685)

    Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA)


    Exmo. Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores


    Exmos. Senhores Deputados


    Como é do conhecimento público, 60% dos europeus sentem que precisam de mais informações e de estudos independentes, antes que seja autorizada a plantação de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), pois quem decide tem dado mais importância ao lobby das empresas do que ao interesse público.

    Actualmente, olhando para países produtores de OGMs, existem grandes indícios de que o seu impacto na saúde, nos ecossistemas e nas comunidades é antagónico ao que estas empresas divulgam.

    A plantação de OGMs nos Açores, não se coaduna com a imagem de "turismo da natureza", "ilhas de turismo sustentável", "destino de natureza por excelência".

    Alertamos que relativamente aos produtos de qualidade promovidos pela região, essa mesma qualidade não estará garantida se tanto as indústrias de lacticínios como as da carne, usarem animais cuja alimentação será proveniente de plantações de variedades geneticamente modificadas.

    Considerando que já são suficientemente conhecidos alguns efeitos prejudiciais dos OGM na saúde dos animais e nos ecossistemas e até que a ciência garanta que os mesmos não têm efeitos negativos, venho solicitar que a Assembleia Legislativa Regional dos Açores declare, a Região Autónoma dos Açores como Zona Livre de cultivo de OGM.

    Para estas "moradas":

    presidente@alra.pt, presidencia@azores.gov.pt,apascoal@alra.pt, alsilva@alra.pt, aparreira@alra.pt, bchaves@alra.pt, boliveira@alra.pt, bmessias@alra.pt, cmendonca2@alra.pt, cfurtado@alra.pt, cpavao@alra.pt, dcunha@alra.pt, dmoreira@alra.pt, fcesar@alra.pt, fcoelho@alra.pt, gnunes@alra.pt, hjorge@alra.pt, irodrigues@alra.pt, jmgavila@alra.pt, jlima@alra.pt, jrego@alra.pt, jsan-bento@alra.pt, lmachado@alra.pt, lrodrigues@alra.pt, hrosa@alra.pt, namaral@alra.pt, pbettencourt@alra.pt, plalanda@alra.pt, rcabral@alra.pt, rveiros@alra.pt, vbettencourt@alra.pt, asantos@alra.pt, amarinho@alra.pt, apcosta@alra.pt, aventura@alra.pt, cbretao@alra.pt, calmeida@alra.pt, clopes@alra.pt, cmeneses@alra.pt, dfreitas@alra.pt, falvares@alra.pt, jbcosta@alra.pt, cpereira@alra.pt, jmacedo@alra.pt, jfernandes@alra.pt, lgarcia@alra.pt, mmarques@alra.pt, pgomes@alra.pt, rramos@alra.pt, alima@alra.pt, prosa@alra.pt, lsilveira@alra.pt, prmedina@alra.pt, amoreira@alra.pt, jcascalho@alra.pt, zsoares@alra.pt, apires@alra.pt, pestevao@alra.pt, amigosdosacores@amigosdosacores.pt, gequesta@gmail.com, terralivreacores@gmail.com

    Agradecemos, pois toda a ajuda é necessária.

    Poderão usar outro texto se acharem conveniente.

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Abs,
Érica Sena
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