sábado, 27 de agosto de 2011

A sequela da monocultura





Segundo declarações de um cientista do governo americano, o uso excessivo do herbicida Roundup, da Monsanto, pode causar mudanças prejudiciais no solo e, potencialmente, prejudicar os rendimentos das culturas geneticamente modificadas pelos agricultores.
 
“O uso repetido do glifosato, o principal ingrediente do herbicida Roundup, causa impactos na estrutura química das plantas, e 15 anos de pesquisas indicam que a substância química pode ser a responsável por doenças nas raízes causadas por fungos”, explica Bob Kremer, microbiólogo do Agricultural Research Service.

Roundup é o herbicida mais vendido no mundo, e seu uso tem fortalecido a Monsanto, maior empresa de sementes do planeta, que continua implantando culturas “Roundup Ready”, tolerantes ao herbicida.

O milho, a soja e outras culturas Roundup Ready são amados pelos agricultores, pois permitem que pulverizem o herbicida diretamente em suas colheitas para matar ervas daninhas. Além disso, o milho e a soja estão entre os produtos mais cultivados nos Estados Unidos.

Mas como os agricultores aumentaram a utilização de culturas Roundup Ready e consequentemente do herbicida Roundup, os problemas começaram a surgir. Um dos maiores problemas atualmente é a resistência de plantas daninhas ao Roundup. Mas Kremer disse que os problemas menos visíveis, presentes abaixo do solo, também devem ser observados e pesquisados mais amplamente.

Embora Kremer afirme que a pesquisa até o momento não comprovou que o glifosato provoque doenças fúngicas que limitam diretamente a produção agrícola e a saúde, os dados sugerem que poderia ser o caso. “Estamos sugerindo que esse potencial certamente existe”, disse Kremer em uma apresentação na conferência anual da Organização para Mercados Competitivos, realizada recentemente em Kansas City.

Kremer explica que a pesquisa mostra que essas culturas geneticamente alteradas não rendem mais do que as culturas convencionais, e deficiências de nutrientes ligadas a problemas de doenças na raiz são provavelmente fatores limitantes.

Kremer disse que os agricultores devem tomar cuidado e considerar uma maior rotatividade de culturas e maior acompanhamento do uso do glifosato. Ele está entre um grupo de cientistas que notou problemas potenciais com esse herbicida. Pesquisadores de outros países também manifestaram preocupações sobre a relação entre a exposição ao glifosato e o desenvolvimento de câncer, bem como a ocorrência de abortos e outros problemas de saúde em pessoas e animais.

A Monsanto declarou que o glifosato liga-se fortemente à maioria dos tipos de solo e que não é prejudicial às colheitas. Disse também que suas pesquisas mostram que o glifosato é seguro tanto para seres humanos quanto para o meio ambiente.

“Nem o USDA (United States Department of Agriculture), nem a Agência de Proteção Ambiental que está analisando o registro do glifosato para a sua segurança e eficácia, demonstraram interesse em continuar a explorar essa área de pesquisa”, lamenta Kremer.
(AS-PTA)

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Fonte: Mercado Ético, 26/8



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Abs,
Érica Sena
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