Segundo declarações de um cientista do governo americano, o uso
excessivo do herbicida Roundup, da Monsanto, pode causar mudanças
prejudiciais no solo e, potencialmente, prejudicar os rendimentos das
culturas geneticamente modificadas pelos agricultores.
“O uso repetido do glifosato, o principal ingrediente do herbicida
Roundup, causa impactos na estrutura química das plantas, e 15 anos de
pesquisas indicam que a substância química pode ser a responsável por
doenças nas raízes causadas por fungos”, explica Bob Kremer,
microbiólogo do Agricultural Research Service.
Roundup é o herbicida mais vendido no mundo, e seu uso tem
fortalecido a Monsanto, maior empresa de sementes do planeta, que
continua implantando culturas “Roundup Ready”, tolerantes ao herbicida.
O milho, a soja e outras culturas Roundup Ready são amados pelos
agricultores, pois permitem que pulverizem o herbicida diretamente em
suas colheitas para matar ervas daninhas. Além disso, o milho e a soja
estão entre os produtos mais cultivados nos Estados Unidos.
Mas como os agricultores aumentaram a utilização de culturas Roundup
Ready e consequentemente do herbicida Roundup, os problemas começaram a
surgir. Um dos maiores problemas atualmente é a resistência de plantas
daninhas ao Roundup. Mas Kremer disse que os problemas menos visíveis,
presentes abaixo do solo, também devem ser observados e pesquisados mais
amplamente.
Embora Kremer afirme que a pesquisa até o momento não comprovou que o
glifosato provoque doenças fúngicas que limitam diretamente a produção
agrícola e a saúde, os dados sugerem que poderia ser o caso. “Estamos
sugerindo que esse potencial certamente existe”, disse Kremer em uma
apresentação na conferência anual da Organização para Mercados
Competitivos, realizada recentemente em Kansas City.
Kremer explica que a pesquisa mostra que essas culturas geneticamente
alteradas não rendem mais do que as culturas convencionais, e
deficiências de nutrientes ligadas a problemas de doenças na raiz são
provavelmente fatores limitantes.
Kremer disse que os agricultores devem tomar cuidado e considerar uma
maior rotatividade de culturas e maior acompanhamento do uso do
glifosato. Ele está entre um grupo de cientistas que notou problemas
potenciais com esse herbicida. Pesquisadores de outros países também
manifestaram preocupações sobre a relação entre a exposição ao glifosato
e o desenvolvimento de câncer, bem como a ocorrência de abortos e
outros problemas de saúde em pessoas e animais.
A Monsanto declarou que o glifosato liga-se fortemente à maioria dos
tipos de solo e que não é prejudicial às colheitas. Disse também que
suas pesquisas mostram que o glifosato é seguro tanto para seres humanos
quanto para o meio ambiente.
“Nem o USDA (United States Department of Agriculture), nem a
Agência de Proteção Ambiental que está analisando o registro do
glifosato para a sua segurança e eficácia, demonstraram interesse em
continuar a explorar essa área de pesquisa”, lamenta Kremer.
(AS-PTA)
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Érica Sena
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