Pesquisa revela que mais de 60% das fontes de carvão, gás e petróleo ficam em apenas 20 países, e que um imposto de carbono sobre a extração dessas fontes cobriria 67% das emissões globais
Desde a criação dos primeiros acordos para mitigar as mudanças
climáticas, a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs)
sempre foi uma questão delicada, tanto na mensuração como na aplicação
de uma taxa para essas liberações. Mas agora cientistas indicam que
adotar um imposto para o CO2 na extração dos combustíveis fósseis em vez
de fazê-lo na queima dessas fontes pode ser mais eficiente para
precificar as emissões.
De acordo com o relatório dos pesquisadores, The supply chain of CO2 emissions
(A cadeia de abastecimento das emissões de CO2) apresentado na
publicação científica da Academia Nacional de Ciências dos EUA, foram
analisados a extração, a queima e o consumo de combustíveis fósseis em
112 países e 58 setores industriais, e descobriu-se que 51% de todas as
emissões de dióxido de carbono das atividades humanas são geradas a
partir da queima desses combustíveis.
A partir daí, os cientistas perceberam que mais de 60% desses
combustíveis fósseis provinham de apenas 20 países, e que para reduzir
as emissões de GEEs, seria mais fácil e eficiente precificar diretamente
a extração dos combustíveis do que aplicar impostos de carbono sobre as
emissões geradas pela queima destes.
“A concentração geográfica de combustíveis baseados em carbono e o
número relativamente pequeno de partes envolvidas na extração e refino
desses combustíveis sugere que a regulamentação no poço, na mina ou na
refinaria poderia minimizar os custos de transação, assim como as
oportunidades de vazamento”, explicaram os autores do estudo.
Para se ter uma ideia, a pesquisa sugere que “regulamentar os
combustíveis fósseis extraídos na China, nos Estados Unidos, no Oriente
Médio (uma região composta por 13 países em nossa análise), na Rússia,
no Canadá, na Austrália, na Índia e na Noruega cobriria 67% das emissões
globais de CO2”.
No entanto, a partir desse sistema de precificação dos GEEs, surge a
questão da concentração do imposto, o que faria com que as poucas nações
produtoras de combustíveis tivessem que pagar pelo consumo de muitos
países.
Porém, os cientistas também apresentaram uma solução para esse
problema, sugerindo que a taxa aplicada aos produtores fosse repassada
aos consumidores sob forma de outras cobranças. Assim, a precificação
passaria a considerar toda a cadeia de produção e aplicação dos
combustíveis fósseis, e não apenas sua queima final.
“Se um preço consistente e inevitável fosse imposto nas emissões de
CO2 em algum lugar ao longo da cadeia de suprimento, então todas as
partes ao longo da cadeia de suprimento procurariam impor esse preço
para gerar receita a partir de taxas coletadas ou permissões vendidas”,
declararam os pesquisadores.
“Se esse petróleo ia ser taxado quando fosse queimado em algum outro
lugar, como os Estados Unidos, então os sauditas prefeririam, na
verdade, administrar a taxa e coletar uma receita que eles poderiam usar
domesticamente em vez de permitir que a receita fosse coletada nos
EUA”, exemplificou Steven Davis, coautor da pesquisa.
Os estudiosos não defenderam nenhum método para essa precificação,
mas acreditam que essa seria a forma mais eficiente de combater as
emissões dos combustíveis fósseis. “A única forma disso ser resolvido é
se pudermos chegar a qualquer coisa parecida com um preço consistente e
inevitável sobre o carbono que se aplicasse globalmente”, concluiu
Davis.
Além do relatório, os autores também desenvolveram gráficos que
mostram as emissões por extração, produção e consumo de combustíveis
fósseis de cada um dos países pesquisados, que podem ser conferidos aqui. http://www.institutocarbonobrasil.org.br/?id=728731
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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Érica Sena
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