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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Neura da Limpeza" -Frederico Sosnowski


Este artigo foi feito ano passado pelo candidato a Vereador pelo Psol-SP ,

Frederico Sosnowski sobre limpeza urbana.

"Neura da Limpeza" -Frederico Sosnowski


Um dos assuntos que tem visitado os jornais paulistanos com certa frequência é a instalação de lixeiras nas vias da cidade.Aproveitando esse assunto e encaixando outras peças, apresentarei aqui o tema da Limpeza Urbana.

A gestão de resíduos na cidade de São Paulo, ao menos em teoria, é ditada pelo PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS [PDF], na prática a Coleta de resíduos de saúde, domiciliar e reciclados são feitos por duas empresas concessionáriasLoga e Ecourbis (Também responsáveis pelas Estações de Transbordo), já a Varrição de ruas e complementares – que compreende a remoção de entulho, lavagem de vias e monumentos, conservação de logradouros, capinação e pintura de guias - é responsabilidade de outras duas empresas, a SOMA e a INOVA (Também são responsáveis pelos ECOPONTOS).

A exemplo da minha postagem sobre o papel das Bibliotecas Municipais nesse século, onde comparo Sydney, Santiago do Chile e São Paulo, utilizarei algumas cidades do mundo para mostrar como é a limpeza pública aqui e lá. Não citarei volumes diários produzidos pelas metrópoles pois creio que um sistema eficiente será independente dos volumes produzidos de lixo e, além disso, muito do que proporei pode reduzir a quantidade de lixo hoje destinada aos aterros.

Já de imediato começarei com os Problemas que São Paulo tem com a LIMPEZA URBANA:
Típica Lata de Lixo do parques no SIMS. Convidativa, não?!


1 - Coleta Seletiva:
Coleta Seletiva Voluntária é um motivo pra não funcionar, pois só é efetivada se o cidadão for até o Ponto de Entrega Voluntária (PEV) ou CooperativasUM ERRO!


- A Logística de coleta é realizada pelas Cooperativas de catadores e/ou, no caso dos PEVs pelas concessionárias de limpeza, isto é, não é centralizado em uma única mão, o que proporciona buracos na coleta e o desperdício do trabalho das cooperativas que deveriam ter um trabalho muito mais nobre, o da triagem por exemplo;

2 - Lixo Domiciliar:
- Os resíduos domiciliar não são separados, são condicionados num mesmo caminhão e levados ao aterro, contribuindo para o pensamento de "sumir com passe de mágica", consumo indiscriminado, perda de materiais reutilizáveis, recicláveis, etc.;
- Não há como o cidadão fiscalizar a localização e distância do caminhão de coleta para sua casa, ocasionando a disposição do lixo na rua em períodos fora da passagem do caminhão, o resultado já conhecemos como sacos de lixo rasgado por animais, levados pela enxurrada, etc.;
- Não há um condicionamento padrão para o lixo domiciliar o que, por muitas vezes, obriga do cidadão a deixar os sacos de lixo na calçada. Os residentes com cestos fixados no passeio podem ser multados se o mesmo não tiver 1,20 metros livres, conforme Artigo 14, Parágrafo 1º do Decreto Nº52.903 [PDF], de 06/01/2012 (e a Lei das Calçadas [PDF], Nº 15.442, de 09/09/2011);

3 - Varrição de Ruas:
- A varrição de ruas ainda é realizada de modo arcaico e demorado, além disso se confunde com a coleta de resíduos domiciliares o que não contribui para o controle e fiscalização do cidadão; 
- O cidadão precisa frequentar assiduamente o site da Subprefeitura para saber qual dia e horário os varredores estarão na sua rua, não é divulgado no num sítio central na internet, uma pena pois o interesse do cidadão é inversamente proporcional ao número de cliques que ele realiza.

4 - Resíduos de Saúde:
- Os resíduos de saúde são de responsabilidade e fiscalização da prefeitura, entretanto não é apresentada nenhuma prestação de contas sobre a destinação e autuações realizadas... o que evidencia a falta de transparência na gestão da limpeza.

5 - Entulho:
- A destinação do Entulho é de responsabilidade do gerador e fiscalização da prefeitura. Devido a crescente quantidade denúncias por parte da mídia, a prefeitura iniciou o programa de Ecopontos, que nada mais é do que a entrega voluntária do entulho em locais cadastrados pela municipalidade, assim caímos no mesmo ponto da coleta seletiva voluntária;
- Não há um programa de reciclagem de entulho, que pode ser utilizado para muro de arrimos, pavimentação, etc. (Assim como também não há um programa de reciclagem de asfalto)... a prefeitura rasga dinheiro na logística e destinação do entulho; 
- Assim como nos Resíduos de Saúde, a prefeitura não é apresentada prestação de contas sobre a destinação e autuações realizadas, evidenciando a falta de transparência na gestão da limpeza;

6 - Lavagem e limpeza de vias:
- Há um bom programa de utilização de água de reúso para lavagem de vias, contudo, a lavagem só acontece em lugares de feiras-livre e/ou grande frequência de pessoas (E moradores de rua), não há um programa de lavagem periódica de ruas e avenidas;

7 - Limpeza de Parques e Monumentos:
- Também utiliza-se água de reúso para estas tarefas, o que é bom se soubermos o estado da água utilizada para molhar as árvores e a grama onde sentaremos; 
- Muitos (E digo muitos mesmo!) monumentos da cidade inexistem devido a falta de conservação, fiscalização e reparos por parte da prefeitura... uma tragédia!

8 - Capinação, Conservação de Logradouros e Pintura de Guias (OH WAIT!):
- Esse problema é crônico pois somo um país tropical abençoado por deus e bonito por natureza temos sazonalidade nas chuvas e no clima, consequentemente, no crescimento da grama, queda das folhas e danos às árvores. É preciso mais corte da grama/mato na época das chuvas e mais varrição na transição para o inverno, desse modo o orçamento deve ser manipulado com esta finalidade; 
- É notada que a saúde das árvores é crítica, muitas subprefeituras não possuem agrônomo/eng. florestal/botânico para verificar, diagnosticar e tratar as espécies, como resultado assistimos centenas de árvores caindo nas tempestades de verão... UMA TRISTEZA. 

- Quanto a pintura de guias é absolutamente dispensável, já que não faz parte da sinalização horizontal oficial e economizaríamos muito(MUITÍSSIMO!) dinheiro sem esta perfumaria;

9 - Grande Gerador (Condomínios, Shoppings e centros comerciais, Escritórios e Fábricas):
- Cabe ao gerador dar destino ao resíduo gerado. Assim, temos grande quantidade de desperdício de material reutilizável e reciclável, além da falta de prestação de contas sobre a destinação e autuações realizadas;

10 - Latas de lixo:
- Não há critérios claros para a escolha do local de uma lata de lixo, no passeio público. Critérios lógicos/matemáticos como frequência de pessoas, movimentação e incidência de lixo no chão não são levados em conta;
- Um dos principais motes da gestão pública é a mínima manutenção, nesse sentido a escolha de lixeiras de plástico (Bem mais frágeis.) é um erro gravíssimo em detrimento de lixeiras de concreto/metal, chumbadas no chão (Ao invés de afixadas nos postes!);
- O design das lixeiras sequer contribui para colocar o lixo nela, não são convidativas e não é fácil colocar uma garrafa, por exemplo;

Já apresentei bastante problemas na Limpeza Urbana, agora segue algumas propostas para eles e como é realizado em outros lugares.
Vale lembrar que antes de pensar em caríssimos e modernos sistemas de coleta automatizados, devemos primeiramente proporcionar coleta para a cidade toda com a seguinte ambição:
- Coleta de recicláveis semanal nas ruas;
- Separação de resíduos que podem virar compostos ou energia;
- Lutar por 100% de tratamento de esgotos;
- Preservar e recompor áreas de manancial, leitos de rios e córregos, encostas e áreas de risco.

1 - Coleta Seletiva:

A Coleta Seletiva deve ser muito mais do que a distribuição de contêineres em logradouros ou a entrega voluntária (SIC) dos resíduos em um local determinado. A prefeitura deve recolher isso com o Lixo Domiciliar, Limpeza de Parques e Lixeiras nas Vias.

Em Sydney há latas para lixo geral (resto de alimentos e não recicláveis) e recicláveis nas praças e ruas, além de latas diferentes para cada resíduo doméstico!

2 - Lixo Domiciliar:
Em diversos lugares do mundo (Vou usar a Austrália como exemplo, mas pode ser a Irlanda, Canadá, etc.), cada residência recebe algumas lixeiras (E não são pequenas!), havendo dias específicos para a coleta de cada material e o residente é obrigado a colocar cada tipo de resíduo na sua respectiva lixeira sob pena de receber uma multa.

Cada casa, em Sydney possui normalmente três latas de lixo (Variam de tamanho conforme a necessidade do residente.), sendo separadas por cores:
- Verde - A cada 15 dias - para quem possui jardim, coloca-se galhos de árvores, folhas, grama cortada, cortes de plantas, ervas daninhas, etc. o material é destinado à compostagem;
- Vermelha - A cada dois dias - para lixo geral: restos de comida, cotonetes, absorventes femininos, etc;
- Amarela - A cada dois dias - para recicláveis: vidro, plástico, metais.
 
Há também uma quarta, Azul, no formato de uma caixa ou latão normal, para grandes descartes de papel e papelão.

Se o morador precisar de uma lata de maior ou menor, ou quer organizar um serviço de coleta para sua nova casa, ele preenche um formulário online e um agente entregará a(s) nova(s) lata(s).

Na Austrália joga-se o papel higiênico no vaso sanitário, isso pois entende-se que ele irá dissolver nos mesmos processos que efetuam a limpeza do esgoto em água potável novamente.

Desse modo tem-se uma coleta para cada tipo de resíduo, facilitando o reuso, reciclagem, compostagem e descarte, sendo automatizada semelhante à nossa.
Latas de lixo, Caminhão de coleta e Koara Bay após a coleta de recicláveis.
Retirado Aqui.

Por último, se o cidadão precisar da remoção de itens grandes, a prefeitura de coleta eletrodomésticos da linha branca, aparelhos grandes e móveis, tais como:
- Geladeiras, máquinas de lavar, fornos, churrasqueiras;
- Aquecedores, sistemas de água quente e outros itens domésticos de metal;
- Pequenos utensílios de cozinha como torradeiras e liquidificadores;
- Sofás, tapetes e colchões (mas não assoalhos ou pisos).

A prefeitura mantém um site centralizado, com informações para o cidadão e números para contato, além disso, disponibiliza uma CARTILHA EDUCATIVA (Em OITO línguas!)Quanta tecnologia, Batman!

Para completar poderíamos utilizar um sistema de visualização e tempo real dos caminhões de coleta, como o utilizado tardiamente atualmente pelo sistema Olho Vivo da SPTrans ou como o empregado na Prefeitura de Porto Alegre.

3, 6 e 8 - Varrição de Ruas, Lavagem e Limpeza de vias, Capinação, Conservação de Logradouros e Pintura de Guias (ESQUECE PINTURA DE GUIAS E ECONOMIZA DINHEIRO!):
Em muito lugares do mundo a varrição de ruas é automatizada, o que permite um processo rápido de retirada dos resíduos. Utilizando Sydney como exemplo, há três tipos de processo de limpeza das ruas:
- Limpeza do leito carroçável por máquina de grande porte;
- Limpeza dos passeios por máquina de pequeno porte;
- Limpeza dos passeios com obstáculos por varrição tradicional;

Seguem as fotos:
                                            Varrição Automatizado e Tradicional. Retirado AQUI.

Automatizado de grande porte e Lavagem da sinalização horizontal da via. Retirado AQUI e AQUI.

4 - Resíduos de Saúde:
Quanto aos resíduos de saúde pouco tenho o que falar (Não sou da área e precisaria de mais tempo para uma pesquisa profunda.), mas acho que cabe ao município informar o que é feito e para onde enviam os resíduos (Ficaria muito mal em saber que estamos contaminando outro município, por exemplo.).

5 - Entulho:

Acho que a prefeitura está perdendo uma grande oportunidade de economia ao não estabelecer um programa de reciclagem de entulho, que poderia ser utilizado para muro de arrimos, pavimentação, etc. (Assim como também não há um programa de reciclagem de asfalto)... a prefeitura rasga dinheiro na logística e destinação do entulho além de não informar o que é feito e para onde enviam os resíduos.

7 e 10 - Limpeza de Parques e Monumentos, e Latas de Lixo:
Além do mesmo sistema mecanizado, que poder-se-ia utilizar na Varrição e Limpeza de Vias, há o sistema de cestos nos parques que deveria ser o mesmo utilizado nas ruas: Lixeiras parrudas, duráveis e que não necessitassem de tanta manutenção, conforme fotos abaixo:
Latas de Lixo em Parques e na Via. Retirado AQUI e AQUI, e do Google.

Um cadastro de monumentos, com divulgação na internet (Inclusive para Turismo!), e um contrato com uma empresa ou universidade especializada em conservação de obras de arte seria o ideal, além da Guarda Civil Metropolitana se prestar a guardá-los.

9 - Grande Gerador (Condomínios, Shoppings e centros comerciais, Escritórios e Fábricas):
O mesmo tipo de separação realizada para os Resíduos Domiciliares, deveriam ser aplicados aos grandes geradores. Como exemplo a imagem de contêineres para recicláveis (Tampa Amarela):
Contêineres de Resíduos para grande gerador. Retirado AQUI.

Acho que precisamos sair do amadorismo da atual administração e começar a tratar alguns assuntos da cidade com mais seriedade e profundidade, saindo do senso comum.

Abraços,

Frederico Sosnowski 
Facebook: FB.com/frederico.sosnowski
http://fredericososnowski.blogspot.com.br/2012/09/neura-da-limpeza.html
Muito bom o artigo do Frederico! Infelizmente o Brasil está ano-luz atrasado nesse assunto! Ainda temos que aprender muito com esses bons exemplos de gestão de resíduos.
Parabéns pela matéria!
Érica Sena

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