Ao ser
obrigado pela legislação ambiental, em especial pela Lei da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e Resolução CONAMA 307/2002, a segregar
os resíduos nas obras, é comum que a primeira reação seja adversa.
Em
especial quanto aos resíduos classe A, típicos de construção, como restos de
concreto, tijolos, argamassas, telhas de barro, olha-se para as inúmeras
caçambas de entulho retirados dos pátios e logo começa a reclamação sobre o
preço do serviço de caçamba. A novidade agora é criticar também as empresas que
fazem o tratamento dos resíduos Classe A – com a trituração para que voltem à
cadeia produtiva como agregados, para serem usados na execução de pisos e outros
usos não estruturais.
Ao
reclamar do custo com o armazenamento, transporte e destinação ambientalmente
adequada dos resíduos da construção civil, que de fato oneram as obras, muitas
vezes os responsáveis pelas obras esquecem-se de que todo entulho depositado na
caçamba é fruto também de erros e omissões na execução dos projetos.
Sim,
é preciso reconhecer que boa parte do entulho de obra, resíduos Classe A, é fruto
de falhas, muitas das vezes, de engenheiros e arquitetos! Ou o entulho
excedente vem da ausência de um projeto bem elaborado, ou da falta de
bons projetos complementares e sua compatibilização com o projeto original.
Outro problema, muito comum, é a falta de supervisão adequada na execução dos
serviços, muitas vezes delegada a mestres de obras ou pedreiros sem treinamento
de qualidade.
É preciso ficar claro que em
reformas, a geração de entulho é grande, mas muitas vezes inevitável. Fala-se aqui
de obras novas, nas quais, com planejamento adequado, é possível evitar muito
“quebra quebra” ou retrabalho - e assim minimizar
a geração de muito entulho. Além disso, mais caro que o custo da destinação dos
resíduos é o custo dos materiais desperdiçados e da mão de obra que terá que
ser paga novamente para refazer o trabalho antes mal feito.
Todo resíduo é desperdício,
dinheiro jogado fora. .Antes de reclamar do custo da destinação ambientalmente
correta dos resíduos, é preciso rever conceitos.
Para empresas que querem melhorar
seu desempenho quanto à redução de desperdício e quanto à geração de resíduos,
é indispensável que seja promovido treinamento de qualidade nas obras. Para
isso, destaca-se o papel do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI,
que está à disposição também para o desenvolvimento de profissionais da
construção civil.
Providenciar projetos de
arquitetura e projetos complementares bem elaborados também melhoram a
performance. Outra forma é promover minuciosa e atenta supervisão da execução
da obra e o seu monitoramento. Um exemplo é implantar programa de redução de
desperdício desde o início da obra, com metas de redução de número de caçambas
por metro quadrado de obra construída. Só assim, com o compromisso e
responsabilidade dos profissionais do setor, será possível reduzir a geração de
entulhos e melhorar a segregação dos resíduos da construção civil na fonte, na
obra.
Fernando de Barros é engenheiro
civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de
Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. www.masterambiental.com.br
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