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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ao invés de MDF, que tal material feito com casca de coco?



Material feito com casca de coco será uma alternativa ao MDF
Pesquisadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (Facit) desenvolveram um novo produto a base de casca do coco triturada que poderá ser uma alternativa ao MDF (fibra de madeira de baixa densidade). Apoiado pelo Programa de Incentivo à Inovação (PII), do Sebrae Minas e da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), o produto será uma opção mais barata e sustentável para ser aplicada na indústria moveleira e na construção civil.
O projeto é desenvolvido desde 2009, pela equipe formada por Christina Thâmera Soares Oliveira, Izabella Aparecida Luiz Ribeiro, Kamilla Alves Carvalho, Ludmilla Louise Cerqueira Maia Prates, Maria Fernanda Silveira Sales e Sandra Matias Damasceno.

Além da casca do coco, o produto é feito por glicerina, resíduo da indústria do biodiesel e a fécula de mandioca, um tipo de aglutinante natural. Em fase final de testes, a intenção do grupo de pesquisadores é transferir a tecnologia para uma empresa interessada em produzir painéis de fibra de coco.

"O descarte e refino da glicerina é uma dificuldade para as usinas de biodiesel, elas estudam um destino correto para esse material já que ainda não conseguem níveis de purificação suficiente para que o mesmo seja destinado a outros processos produtivos como para indústria farmacêutica e de cosmético", conta Christina Soares Oliveira.

Entre as vantagens do uso do material está o baixo custo e disponibilidade de matéria prima. Durante o processo de produção não são liberadas substâncias tóxicas, como o uso de resina sintética, o que ocorre com o MDF.

"Em substituição a resinas sintéticas, utilizamos um polímero natural à base de fécula de mandioca e glicerina bruta, obtendo ótimos níveis de plasticidade e polimerização após a incorporação da liga à fibra de coco. Nosso objetivo era desenvolver a base de componentes disponíveis e baratos, um novo produto obtido por meio de um processo totalmente biodegradável", afirma a pesquisadora.
 Além disso, sua fabricação é mais simples e rápida, otimizando o processo em várias etapas, já a fibra é obtida por meio da moagem da casca do coco maduro e posteriormente modelada junto ao aglutinante. Para produção do MDF são várias operações de tratamento das fibras como descascamento, produção de cavacos e lavagem para, só então, começar o processo de aglutinação das fibras.

Até agora nos testes feitos em laboratórios, foi possível obter painéis feito com a fibra do coco em diversas espessuras, densidade e tamanho, o que amplia as possibilidades das mesmas aplicações que o MDF, em situações que não exijam rigidez e onde o material seja facilmente moldável. 

No caso da Indústria moveleira, poderia ser usado, por exemplo, em componentes frontais, internos e laterais de móveis, fundos de gaveta e tampos de mesa, e ainda caixas de som. Já na construção civil a aplicação seria na produção de pisos finos, rodapés, almofadas de portas, divisórias, portas usinadas, batentes, balaústres e outro tipos de peças torneadas. 

 "Um bom exemplo de uso seria o de revestimento acústico, construção de painéis resistentes e em vários formatos, já que se trata de um material moldável, versátil e leve", afirma Christina Oliveira.
A tecnologia agrega alto grau de inovação e ainda não há tecnologias similares no mercado. O produto também vem de encontro aos anseios do consumidor que cada vez mais se preocupa com os impactos ambientais e valoriza o aproveitamento de resíduos. 

PII
Programa de Incentivo à Inovação estimula a criação de novas tecnologias, produtos e processos inovadores para o mercado, a partir do conhecimento gerado nas instituições de ensino.  O programa, criado em 2006, já foi realizado em universidades, faculdades e centros tecnológicos de Lavras, Itajubá, Juiz de Fora, Viçosa, Uberlândia e Belo Horizonte.
Em Montes Claros, o edital de seleção do PII foi publicado em 2011, para pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Faculdade de Ciência e Tecnologia (Facit), Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG) e Faculdades Integradas do Norte de Minas - Instituto de Ciências da Saúde (Funorte).

"O objetivo é proporcionar uma mudança cultural nas universidades e nos pesquisadores, com a disseminação da cultura empreendedora, a obtenção de novos recursos para pesquisa e a possibilidade de geração de empregos para estudantes graduados e pós-graduados", explica a analista da Unidade de Acesso à Inovação e Sustentabilidade do Sebrae Minas, Andrea Furtado.

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