No auge da contracultura, há mais de 40 anos, ser engajado em questões ambientais era coisa de hippie. Hoje, com o aquecimento global e suas consequências nada otimistas sendo consenso quase que absoluto entre os cientistas, agir em prol do meio ambiente deixou de ser coisa de “bicho-grilo”.Nos EUA, os novos consumidores preocupados com as questões ambientais ganharam até um novo rótulo: são os chamados scuppies, uma abreviação de Socially Conscious Upwardly Mobile Persons, algo como pessoas socialmente conscientes e em ascensão social.Diferentemente dos hippies, os scuppies não desprezam o dinheiro e o trabalho formal.
Segundo o idealizador desse novo way of life, Chuck
Falia - um executivo do mercado financeiro norte-americano -, os
scuppies são pessoas que consomem os confortos dos tempos modernos, como
a tecnologia, mas avaliam o impacto social, humano e ambiental dos
produtos antes de comprar. Eles reciclam o lixo, consomem alimentos
orgânicos, tomam café da Starbucks com certificado de comércio justo
(fair trade) e dão preferências para empresas éticas nas questões
socioambientais.
Talvez os scuppies não sejam os indivíduos mais engajados dos novos
tempos, mas, deixando os rótulos de lado, o fato é que os consumidores
de hoje estão cada vez mais exigentes e a questão social e ambiental
está entre as novas exigências para seleção de seus produtos. O Monitor
de Responsabilidade Social Coporativa, estudo realizado desde 1999 pela
Market Analisys e o Instituto Globescan, é um dos muitos que mostra essa
nova tendência no universo do consumo. Segundo os dados do relatório de
2009, 56% dos consumidores norte-americanos e 29% dos consumidores
europeus admitiram dar preferência para produtos de empresas socialmente
responsáveis. Na América do Sul, o número de consumidores com essa
visão ainda é pequeno, apenas 11%.
Outro dado interessante, presente no relatório de 2010, refere-se às
razões que levaram os consumidores brasileiros a optarem por um
determinado produto na hora da compra. Razões como preço,
características do produto, confiança na marca, valor de possuir o
produto (status), disponibilidade nas lojas e comportamento
socioambiental da empresa foram avaliadas para saber qual delas tem mais
peso na hora da escolha. Como já era de se esperar, o fator preço ainda
é o que tem maior peso na definição de compra, com 35%. Seguidos do
preço, vêm a característica do produto (19%), a confiança na marca
(16%), a disponibilidade (13%), o comportamento socioambiental da
empresa (9%) e, por último, o status (8%). Apesar de estar em penúltimo
lugar entre os fatores de decisão, o comportamento socioambiental da
empresa já briga com critérios como confiança na marca e disponibilidade
nas lojas.
niciativa verde em terra brasilis
De olho nisso, as empresas estão alertas. No mês de março, a Philips
deu sua cartada “verde”. Em um evento para a imprensa, que contou com a
presença do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Presidente do
Instituto Akatu, Hélio Mattar, a empresa lançou o Programa Ciclo
Sustentável Philips, uma programa de reciclagem de eletro-eletrônicos
com abrangência nacional (veja mais em
www.sustentabilidade.philips.com.br). Inicialmente com 40 postos de
coleta espalhados em 25 cidades, o objetivo é evitar que produtos
Philips acabem parando no lixo comum. Com essa iniciativa, consumidores
que tenham algum produto Philips já podem descartar seus velhos
eletrônicos de maneira ambientalmente correta. Os produtos recolhidos
são encaminhados a uma empresa parceira da Philips que será responsável
por desmontar e oferecer o destino mais adequado para os componentes.
Lobos vestidos de cordeiros
No mundo globalizado e do capitalismo feroz, produtos que parecem
inofensivos podem carregar consigo um enorme rastro de destruição. Um
simples chocolate feito com óleo de palma comprado no Brasil, por
exemplo, pode ser responsável pela destruição de milhares de hectares de
florestas na Indonésia e pela morte de milhares de famílias de
orangotangos. Para entender melhor do que estou falando, vá até o site greenfilm.free.fr e faça o download gratuito do filme Green.
No universo da tecnologia não é diferente. É comum ler nos
noticiários, principalmente norte-americanos, denúncias feitas contra
fabricantes de componentes eletrônicos chineses. Acusações de trabalho
infantil e exploração humana são comuns em fábricas chinesas. Como essas
empresas fornecem componentes para grandes empresas do setor de
tecnologia, pensar que o smartphone que está no seu bolso pode ter sido
fruto desse triste cenário chega a ser revoltante.
É preciso uma mudança radical nos nossos hábitos de consumo e ações
diárias. Não se incomode se chamarem você de hippie, scuppie ou seja lá o
que for. Pressionar e boicotar empresas antiéticas são uma poderosa
arma que pode fazer muita diferença se quisermos vislumbrar um presente
mais digno e um amanhã mais belo para as futuras gerações.*Marco Clivati
Fonte: Mercado Ético
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Érica Sena
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